segunda-feira, junho 15, 2009

Como ganhei a prova de Bornes 2009


por Roberto Torres

1ºDia

Dia muito fraco, térmica fraca, tecto baixo...
Primeira fase do voo difícil para toda a gente, subiu-se no sotavento da montanha!
Aqui o Nuno e o Cris surpreenderam pois deram-lhe bem, saíram na frente e com um ritmo que ui ui ;). Fui no grupo da frente, tirando o Nuno e Cris, com o Eduardo, Rui Nas
cimento, Vidal, Dinis e mais umas duas asas!
O edu a puxar bem, a meter pata no acelerador e o resto da malta deixava-se ficar mais para trás! Na passagem do rio, já vínhamos com uma transição longa, a maioria passou baixo, eu fui o único que passei ainda muito alto! NEste dia era impressionante a diferença das linhas (mesmo que próximas). Logo a seguir ao rio ficaram algumas pessoas!
Eu apanhei um zeranço pro positivo, e fiquei a espera do resto da malta, pois sozinho nao estava a conseguir subir e arriscava-me a ir para o chao se abandonasse aquilo.
Com alguma luta dos sobreviventes do grupo, a térmica ficou mais consistente e subimos. Depois de altos transição directa a ultima baliza (ja nao me recordo se havia duas) ignorou-se algumas possíveis boas térmicas e chegamos la muito muito baixos, o Eduardo
acabou por n conseguir picar a baliza, o vidal acho que ainda picou e aterrou, entretanto eu o Rui Nascimento e o Dinis ficamos a subir numa termica a derivar para longe da baliza, pois tinhamos ficado a uns 60m de a picar! Subimos um pouco na termica, saimos dela, fomos picar a baliza 200m a frente, e voltamos, so que não consguimos subir! Aterramos os 3 logo ali 500m perto do vidal e do eduardo! Passo uns minutos passa o Jorque Guedes sozinho , seguido de mais malta como o Saiote, Nuno Gomes, ricardo, Luis Carlos que aterraram uns 5 a 8km a frente.
Resumo.
Dia dificil, no fim ja varrido, ainda hoje não sei o que poderia ter mudado para nao ficar logo ali! Acho que já nao foi mau!


2ºDia
So voei em Mirandela umas 3 vezes, e nunca tinha subido tao bem la!
Termica a levar aos 2000 sem problemas, start a ser feito no momento exacto do lugar exacto.
Nuno mete pata, e leva todo o grupo atras dele (este era enorme). Tomou a decisão de ir em frente pelo lado direito de Mirandela para contra-derivar, que me pareceu muito bem.
Transição longa, mas subiu-se num alto ja do outro lado do vale!
Depois novamente o grupo segue em frente e ficamos todos metido entre duas encostas antes de macedo. Ficamos todos baixos, apenas com zeranços, o Nuno decide voltar para o lado de Mirandela, e metade do grupo vai com ele, eu deixei-me ir para o lado contrario pois sentia a asa a querer ir, entretando subo começo a subir com consistência e o resto da malta que ali ainda estava juntou-se a mim.
Novamente mais um grupo de peaks mais o eduardo que ate a baliza da barragem puxou bem, houve ali uma fase que eu e o vidal chocamos com uma boa termica e subimos, e o eduardo segue fica mais baixo e a frente acaba por nao conseguir recuperar!
Mais algumas pessoas ficam por ali!
Eu e o vidal aqui subimos ate aos 2200 e seguimos para a ultima baliza. Nesta transição ele ficou mais para tras e muito mais baixo, eu cheguei ao golo ainda muito alto, apanhei termica la, e segui em direcçao ao golo! Fui em direcção a um morro (que tb já conhecia), apanhei termica boa, dei algumas enroladelas e mandei-me para o golo que estava a uns 10km se tanto! O garmim ja dava 7/1, flymaster tb dava altura bem positiva, e a aldeia que achava que era o golo parecia ja ali... Choquei com mais um termica que ignorei a pensar que o golo era já ali!
Apanho um descendente brutal antes de la chegar, e quando la chego ainda me falta 4km para o golo. Foi ai que percebi a grande argulada que cometi fruto da minha inexperiencia! O golo afinal era depois do sabor, e tinha um grande buraco para atravesar com apenas uns 50m de altura do chao. CLaro está aterrei no ultimo campo possivel antes do bruraco. Se fosse o granda maluko do claudio ainda me metia la dentro lol ;). O vidal que vinha um pouco atras garantiu melhor e fez golo! Fiquei em 3 nesta manga. A minha melhor classificação ate agora, mas confesso que custou mais do que quando se marreca! Fui um autentico nabo! Mas acho que aprendi a lição. Como diz o nuno franguinho bem virado!

Resumo
: Achei o dia bom, talvez porque tive a sorte de subir no momento em que estávamos todos aflitos! Depois da primeira fase do voo, e numa camada superior as coisas foram relativamente fáceis.


3. dia

Resumo
: Foi difícil o formatar do dia anterior, e decidi que iria voar uma termica de cada vez! A unica coisa que fiz foi tentar pensar apenas no momento, um passo de cada vez. Fou a manga mais solitaria de todas. As condições era muito fracas no inicio do dia, mas tornou-se no melhor dia, com térmicas boas, e com as cenas típicas de livros a funcionar!
De forma geral ainda nao digeri bem a coisa, e embora tenha colocado em mim alguns objectivos difíceis, nunca pensei que conseguisse ficar tao bem classificado. Muitas pessoas tem-me transmitido muito do seu conhecimento, mais até no ambito emocional do que técnico e isso faz-nos crescer como pessoas e como pilotos. Tenho a plena noção que este resultado não é só meu! Contudo, 3 mangas nao quer dizer muita coisa.. e ainda há muito para provar, e muitos bons pilotos para voar! Continuarei a dar o melhor, e sei bem que manter o resultado é uma tarefa muito mas muito dificil! Noto que ainda sofro de alguma falta de experiencia! Tou curioso das mangas rápidas!

sexta-feira, junho 05, 2009

O meu maior voo de sempre: 228 km!



por Pedro Lacerda

Na terça feira fiz o meu maior voo de sempre, voei quase até ao fim com o Alex.
Nunca tinha estado tanto tempo a voar nem tão alto nem tão longe.
Nunca tinha andado numa confluência a sério, pelo menos como esta que apanhámos antes da barragem de Alcântara.
Isto ajudou muito o acelaranço do voo que tinha sido lento até ali. ficámos ao principio uma hora e meia para sair da serra à espera de subir de jeito e de ter o dia mais montado fora da serra.
A chegar a uma pedreira minha conhecida antes de Penamacor vimos uma tromba de um redemoinho enorme e para lá fomos os dois, chegamos fora de ciclo mas o Alex foi-se safando melhor, mais baixo quando entra o novo ciclo vou de +7 ter com ele até aos 3 miles e mais trocos para bazarmos para a nuvem seguinte por cima de Penamacor e para a próxima que estava por trás já as duas a chamar por nós.
A chegar à nuvem entra a barulheira dos f16’s. O exercício que havia afinal não era na serra como eu achava mas mesmo em Penamacor onde estávamos. Os gajos dos reactores a jacto andavam todos entretidos a abrir por ali em vagas. Era muito má ideia continuar por lá bazamos os dois para a direita a cair quem nem bois e a dizer adeus às nuvens nossas amigas todas furadas pelos aviões da guerra.
Ainda ouvi um a dizer tátátá e o outro estás morto! Não estou nada batoteiro!
E depois deixei de ouvir porque estava a bazar de lá e cada vez mais perto do chão. Os dois, eu e ele apanhamos um zero +1 -1 por ali e agarramo-nos ao que havia se não quando vejo o Alex a virar tudo à direita para ir sacar uma térmica decente a uns 500m dali. Fiquei impressionadíssimo com a convicção e a certeza que ali estava e estava, (depois disse-me que tinha visto uma cegonha a subir, parece que tira o encanto da adivinhação mas não tira).
Dali para a frente foi Monsanto onde subimos separados e encontrámo-nos no fim da térmica, dali para a frente entrámos na estradas de nuvens. O que foi acontecendo cada vez mais regularmente parece batota mas não era, era voo livre.
A táctica passou a ser subir até aos 3000 e depois deixar ir em frente no final da estrada de nuvens estávamos a 3800 e a andar sempre a 60 à hora. Até +5 apanhei e deixei para lá porque não era preciso. Com isto fomos assapando cada vez mais para recuperar o engonhanço inicial até que chegamos ao fim das nuvens, só que o dia estava a montar-se à nossa frente, o azul era um azul com farrapos a mostrar as correcções de rota. Algures no meio de isto tudo tivemos um ponto mais baixo a seguir à fronteira acho eu, experimentei um rio que lá havia mas a coisa não estava a dar fui mais à frente ver e pronto tá feito 3800, entramos na tal barragem.
O que estava a acontecer era que o dia de pouco vento da previsão estava a ser atropelado pela brisa a entrar e além de começarmos a ter mais velocidade que deu depois a mim 70 à hora. Às cinco e meia tínhamos feito 100km que é sempre bonito e pus-me a pensar que além de já estar todo routo ainda tínhamos mais três horas e meia para voar. O ritmo naquela altura estava a ser porreiro e achei que os 200 poderiam estar ao alcance mas era preciso ver como correria à frente mais azul. 150km menos de uma hora depois e ainda a voar sempre numa janela altíssima entre os 2500 e os 3900 (dasse nunca tinha voado tão alto. Pus-me a olhar na vertical para o chão e dá uma sensação muito estranha) a partir dos 3000 ficava a tremer de frio o que era disparatado e um erro meu grande de não ter vestido mais roupa. Outro erro era ter esquecido a sandes atrás no arnês.
Pus-me a fazer flexões dentro do arnês para aquecer e esquecer a fome. Aguinha, um bocadinho de conversa com o Alex e siga em frente.
Garantíamos sempre a janela alta e a térmica tinha o dom de se propagar com o vento muito bem o que fazia com que depois da subida vinha o boianço sempre a boa velocidade e muito pouca descendente nesta altura. O dia começa a ficar mais redondo e antes de uma serra que marcava mais ou menos os 200km, mais ou menos aos 180 190, vinha à frente apanho uma térmica calma tipo +1, +2, e muito redondinha típico final de dia fico convencido que era isto que havia, o Alex segue mais à esquerda e deixei de prestar atenção por uns minutos quando vou à procura dele tinha levado um chito monumental, tinha encontrado um núcleo porreiro e estava estratosférico outra vez, ando a abelhar à procura da coisa mas nada como é óbvio, tivesse tido mais atenção, foi ai que nos separámos, não tinha lógica ele esperar porque eu não estava a subir o suficiente e ele foi andando até deixar de o ver e a procurar subir melhor. Sei que ficou depois da serra com os 201km feitos. Fui andando e na tal serra subo decentemente até aos 3000 era a limitação que me tinha imposto para tentar chegar ao Alex e não ter frio, 200 feitos gritinho paneleirote de estar todo contente e siga que isto vai dar mais, mais uma térmica e deixei ir a coisa, estava a apontar para mais uns km mas não tantos, fim de dia planeio baril e boa velocidade uns 70, tinha o bico do chão que subia num planalto e muita arvore, apontei à estrada e deixei ir quando cheguei aos 228 tinha uns cabos de alta tensão à frente e à minha altura fui até lá e aterrei num campo fantástico.
Estava a passar um carro, mija comprida, desligar as cenas, estalar os ouvidos e volta o carro.
O gajo era parapentista e tinha voltado para me dar boleia, ajudou-me a arrumar a asa e meteu-me no carro ofereceu-me um cigarro e deu-me os parabéns. Deixou-me num café e tá feito. Grandas bacanos.
Lacerda