sexta-feira, maio 27, 2011

Castelo de Vide-Penamacor, 88 km









Voo XC de Castelo de Vide (Castelão) até Penamacor

por Henrique Novais
Olá amigos aqui vai a descrição de um voo realizado no passado Domingo dia 8 de Maio de 2011.
No sábado, as previsões não eram assim muito famosas, vento fraco, a rodar de sul para Sw perto das 15h, tecto 1200-1500m, mas o meu amigo Tiago estava entusiasmado e lá se combinou,
depois já a altas horas da matina ainda ligou o Lacerda e lá juntamos 8 voadores.
Pelas 9.15h lá saímos pela estrada nacional e lá fomos, pelo caminho verificávamos que a medida que nos íamos aproximando mais do interior, o céu estava mais fechado com muitos cúmulos, chegamos a Castelão já passava das 12.30h, fomos deixar um carro na aterragem oficial, abastecer os camel-bag de água e subimos para a descolagem onde encontramos mais 3 manos da Paravoar.
Ao descarregarmos as asas começava-se a ver os nossos amigos abutres a dar umas enroladelas e a ir á base das nuvens, o que era uma boa indicação para nós.
Chegamos á descolagem o vento estava SW-W intensidade boa, alguns pilotos começam a preparar o material, outros comem.
Um pouco antes das 13.30h, dá-me um aperto muito grande, e lá tive que ir mandar um fax para tokyo, momento em que Hugo Almeida, e Pedro Lacerda começam a descolar, o Hugo teve de sobreviver mais um pouco á lei da gravidade, mas o Lacerda começa a subir que nem um maluco logo a seguir junta-se a Paulinha e o Hugo passado pouco tempo. De seguida mais pilotos vão saindo, Tiago Dário, Finoty, Henrique Baptista. E
u atrasei-me com o servicinho extra e já começava a stressar, pois estava no chão e aqueles caramelos todos colados a nuvem e alguns já tinham entubado.
Equipo-me e vou para descolar e a Moranguinha não queria subir, e a asa virava-se para o lado esquerdo, então verifico que tinha um cordão torcido na b
anda esquerda, pois este sintoma não é normal na minha linda asa. Entretanto descola o Carlos Silva, o Luís Nascimento e outro piloto da Paravoar que não me recorda o nome, e o Jacinto.
E eu ainda no chão a deitar fumo pelas orelhas, entretanto lá resolvo o meu problema técnico e fico a postos para descolar. Começo a observar tinham subido todos menos o Jacinto que tentava sobreviver ao máximo. Olho o horizonte e aproximava-se á frente da descolagem um conjunto de nuvens que iam tapar a descolagem por um grande período, então vejo o jacinto a subir um pouco, começa a entrar um ciclo um pouco mais forte e des
colo. Assim que levanto a asa, começo a subir logo generosamente e fico logo bem por cima da descolagem, depois apagou-se um pouco e fui tentar apanhar algo mais consistente para a frente no plano ao lado direito. Com um pouco de empenho e dedicação lá apanho uma bolha boa que me leva á nuvem, entretanto verifico que o meu irmão Jacinto tinha aterrado.
Na zona já não se encontrava nenhum piloto, assim sendo começo a fazer o meu voo, a tomar as minhas próprias decisões e não ir em cantigas. Quando chego a nuvem continuo a subir mais um pouco, pois pensei o tecto está baixo, 1100-1300, tenho que aproveitar, chego aos 1700m, a direcção do vento era SW 10km/h, viro costas ao vento
e saio da nuvem, começo a olhar não vi ninguém e pensei estes gulosos já fugiram todos e o urso ficou a comer os restos, e continuei o voo, vislumbrando o que se ia passando em termos de nuvens, passarada que andavam doidos, de nuvem em nuvem, sentia-se mesmo alegria nos animais, fui vendo as estradas de alcatrão, pois o penúltimo voo que fiz em Castelão tive que andar com a mochila ás costas um par de horas e fazer muitos Km a pé para sair vivo de uma reserva de caça espanhola, antes de Membrio.
Então começo a cortar um pouco caminho para Norte e á
direita vejo a aldeia que agora sei que se chama Nossa senhora da Graça e Póvoa e Meada, e vou seguindo a minha rota, de nuvem em nuvem.
A nascente desta aldeia apanho uma térmica boa que me levou aos píncaros dentro da nuvem de onde sai com uns 2000m de altura e não foi mais porque se acabou a gasolina, nunca tinha visto uma coisa assim o ar estava tão denso que as linhas da minha Moranguinha choravam gotas de água, e de tanta humidade e com a velocidade tilintavam e estremeciam, olho para as mangas do meu casaco e estava todo encharcado e pensei só espero que a minha bicha se porte bem, pois o fabricante recomenda não voar com chuva por causa de risco de colapso, não era o caso, mas a asa escorria água com tanta humidade.

Mas afinal até foi bom ela ficou lavadinha e deu-nos animo para continuar.
Assim procurei um local seguro e aterrei á entrada da vila ao lado de uma Bomba de gasolina, 5*, pés no chão, e digo bela voaça. Para mim o mais importante não é os
KM que se faz é descolar, desfrutar e aterrar em segurança, a vida é muito preciosa, e para continuar a fazer Km é preciso estar vivo…depois ligo o IGO para tentar saber onde tinha aterrado e vi PENAMACOR.
Ligo ao Jacinto que já me tinha ligado várias vezes, e que não atendeu, liguei ao Tiago Dário, que percebeu onde estava, disse-me que era o campeã
o do dia e disse-me para apanhar um autocarro para Castelo Branco. Pensei vou dobrar a asa e perguntar na bomba de gasolina alguma coisa por lá.
Pouco depois de dobrar asa o Tiago ligou-me a dizer que dai a 30m est
ava lá e eu, pensei fixe, voo muito nice, recolha rápida, o que posso querer mais. Cheguei á bomba e passado 15 minutos ai estava o Tiagão o taxista de serviço ultra rápido.
Fomos até Castelo Branco, onde encontramos um restaurante muito nice o Forno, onde tivemos a pastar, a refrescar a goela com um belo tintol, e muito convívio onde não faltou um bagaço para comemorarmos o dia.
Chegamos a Lisbon perto das 1.30h da matina, mas valeu a pena arriscar um dia que não parecia ser tão generoso.

Um abraço e bons Voos,

Henrique Novais

quinta-feira, maio 19, 2011

C Vide-Castelo Branco, 50 km





RElato de voo! CdV-CB 8May11
By finoty

Cada voo uma história diferente, assim como não há dois dias iguais..

A malta acreditou na previsão animadora do dia anterior e assim overtheknee fomos até Castelo de Vide.

O céu estava muito tapado, tecto baixo (1500) e sombra por todo o lado, um ou dois grifos mostravam onde se subia.. não prometia muito e os ciclos entravam fraquinhos, mas não per
demos tempo e foi tudo para o ar.

O Lacerda e a Paulinha deram o mote e não demoraram a acertar num bom termicalho, o Tiago e o Hugo foram logo a correr e eu fui atrás.

Em pouco tempo os primeiros ja estavam nas barbas da nuvem.

Àquela hora as nuvens para trás da deco estavam muito juntas, o espaço para os raios de sol aquecerem o terreno eram fechados, o vento fraco de SW empurrava para a sombra.

O Lacerda arrancou em primeiro e levou a Paulinha a reboque.

A acreditar na previsão e na diminuição dos cumulos com o evoluir do dia deixei-me ficar no chupa da nuvem por cima da zona da deco enquanto o resto da malta descolava.

O deserto junto a fronteira com Espanha fazia-me pensar d
uas vezes, nao queria tresmalhar-me para lá sozinho, agradava-me muito mais ir de aldeia em aldeia com uma estradinha por baixo, e assim fiz, puxei á esquerda do vento e fui fazer uma visita as aldeias mais a leste do Alto Alentejo.

Na segunda transição chego por cima de Póvoa e Meada. Nesta altura andava a divertir-me com as nuvens que eram muitas.. qual a melhor? Qual o lado ideal? procurei sempre a atacar o barlavento e com o sol a vista, a brincadeira ate estava a correr bem, mas a vontade de virar costas ao vento e o medinho de entrar pelo deserto espanhol a dentro dexavam-me hesitante, inseguro e lá andava eu sem um plano de voo definido.

Nesta altura abelhei por cima da aldeia sem saber bem o que fazer. Ainda pensei voltar pra Castelo de Vide que dava um voo engraçado mas muito trabalhinho contravento. Como havia ainda mais uma aldeia com recolha rápida decidi-me pelo mais fácil e fui conhecer Montalvão lá do alto.

Em Montalvão fiquei novamente colado a nuvem, as condições do dia melhoravam e já ía com duas horas de voo no bucho, mas na minha cabeça estava ali como se num beco sem saída! Ao mesmo tempo que não queria ficar por ali, a minha preocupação em não dar muito trabalho a quem me fosse recolher estava sempre presente, mas como havia es
trada pelo menos até ao Tejo decidi ir ver a vista.

A vista é sem dúvida bonita, mas lindíssima foi a térmica que me catapultou para a margem norte ahah!! Uma vez colado de novo a nuvem e com mais aldeolas do lado de lá do rio não hesitei em dar o salto porque sabia que apartir dali havia sempre povoações e já podia virar costas ao vento. Time to relax, comer umas bolachinhas e tirar umas fotos :P

Transição longa, buraco azul, fico baixo, aiaiai ó tio ó tio, isto e
stava a correr tão bem.. pensei hmm naquela aldeia deve haver minis, uma albufeira ali mais a frente.. 650m vou espreitar se não der vou para as minis enquanto espero o camião. Meto-me no escuamento do vento em relação à lagoa que dava para um vale estreito e arborizado e ... Bingo!!! Começo a enrolar e quando olho pra cima um bando de cegonhas, já me safei! Distraído com tantas penas lá em cima nem reparei que ao meu lado um grifo se tinha juntado a mim, fizemos logo uma grande amizade que durou até à cloudbase! Simplesmente mágico, foi o momento do dia, o bicho a enrolar lado a lado como se eu fosse um dos dele.. No words, só quem já passou por essa experiência única consegue entender do que falo! Um profundo sentimento de liberdade e ligação á natureza, que no fundo é a essência do nosso desporto!

Mas calma esta térmica foi uma verdadeira aventura do mundo animal, quase a chegar ao topo aparecem duas águias tresmalhadas que voavam muita mal, subiam num núcleo mais ao lado de mim e do meu amigalhaço, e qual não é o meu espanto quando as duas se aproximam e uma delas muito distraída quase choca de frente no meu bordo de ataque!! Não tive reacção, só pensei olhólhólhó.. e apanhei um grande cagaço! Mas assim quase quase que tinhamos chatice. depois como era? vestir colete, montar triângulo, declaração amigável, provavelmente não tinha seguro.. =P

Adiante =), Castelo Branco é já ali!!

Tecto mais alto, costas ao vento, Retaxo era a povoação que se seguia.

Nova catapulta em Retaxo e o golo psicológico em CB estava no papo =)

As condições nesta altura estavam tão boas que tinha dado pra seguir a A23 em direcção a NE, ainda testei, mas o cansaço e a falta de concentração chamaram-me de volta a terra.

Descobri o Shopping que fica junto a zona industrial e fiz-me ao chão, o problema foi descer é que a zona industrial estava em alta produção e era térmicas por todo o lado, fiz espirais, orelhas, procurei descendentes e ás tantas cerca das 17:30 la consegui descer à terra :P

Fui recolhido duas horas depois e o dia acabou em grande num jantarziu com a malta toda junta de novo em CB.

Foram só quase 50km, para muitos é uma marreca mas para mim passou a ser recorde em mais 6 kilos que o anterior lol.., mas muito voo e um grande treino =)

Obrigado malta pelo dia, agoram xibem-se aí também, mas não precisar de escrever tanto como eu =P

Beijinhos e abraços

Carlos Silva Aka Finoty