por António Fernandes
Venho relatar-vos um voo que fiz no ultimo sábado na Covilhã na companhia do Eusébio, Zé-Tó e Paulo Coelho.
Foi assim...
Chegámos à descolagem da Covilhã (eu, o Zé-Tó, o Paulo Coelho e o Ricardo Calado) cerca das 12h/12h30, mesmo a tempo de vermos esfumar os últimos duns belos cumulos que se tinham vindo a formar mesmo por cima da descolagem.
Aí já se encontrava o Eusébio, já equipado e a barafustar que tinha estado à nossa espera e tinha perdido a melhor hora de descolagem.
Feita a conversa de sala habitual zarpou, ficando nós a preparar o equipamento. Quando finalmente descolamos (cerca de 1/2h depois, já o Eusébio estava no tecto, por cima da zona da Estalagem Serra da Estrela. Depois de descolarmos andamos cerca de 1/2h a penar frente à descolagem. Umas vezes subia-se outras descia-se, com um bocado de pancada à mistura, mas nada de conseguir altura suficiente para transitar mais para o interior da serra que era onde se estavam a formar agora os cúmulos (e o Eusébio continuava à espera). Finalmente o Paulo Coelho consegue subir o suficiente e juntar-se ao Eusébio que entretanto se tinha aproximado novamente da descolagem, e iniciam a transição. Imediatamente a seguir consigo subir o suficiente e partir no seu encalço.
Na transição entre a zona da estalagem e Unhais os dois da frente começam a perder demasiado para o meu gosto e passamos cada qual a seguir uma estratégia divergente. Eu desisto da transição e avanço para sul ao longo da cumeada da Estalagem, o Eusébio vira a norte e contorna o vale junto à estrada e o Paulo Coelho faz a transição directamente para Unhais.
Resultados... o Coelhone não se aguenta e começa a cair para o vale, eu apanho uma térmica fraquinha (1m/s) mas que foi suficiente para ir ganhando altura e seguindo o voo dos outros dois, o Eusébio na rapa lá conseguiu contornar o vale e chegar à zona de Unhais. Entretanto o Paulo Coelho, já bem dentro do vale de Unhais, lá conseguiu apanhar uma térmica que o começou a trazer para cima novamente.
Eu neste entretanto já tinha ganho uma altura confortável para transitar directamente para Unhais, e foi o que fiz, tornando-nos a reunir na zona a sul da Torre, onde cheguei com uma altura de cerca de 2700m, Fui dando umas voltinhas e aproximando-me do tecto, onde esperei pelos outros dois companheiros de viagem. No entretanto o Zé-Tó (que tinha ficado para trás) consegue safar-se e reunir-se a nós. O Paulo Coelho consegue subir mais rápido, eu junto-me a ele e atingimos o tecto por cima da Torre a cerca de 3200m. Nesta altura decidimos definir o objectivo do voo como sendo fazer golo em Linhares e iniciamos a travessia do resto da serra em direcção a oeste, um pouco depois o Eusébio e o Zé-Tó sobem e iniciam o mesmo caminho.
Quando nos aproximámos da vertente oeste, as nuvens estavam mais baixas e acabamos por entrar nelas, tendo eu que fazer orelhas para não correr o risco de chocar com o Paulo Coelho. Não sei se por esta razão ou por estar muito frio, acabei por gelar as mãos, e, depois de atravessarmos o buraco do Sabugueiro, o Paulo Coelho inflectiu para noroeste na direcção de Linhares, e eu vi-me obrigado a continuar em frente na direcção de Seia com o objectivo de aterrar (porque já não sentia as mãos) onde cheguei com cerca de 2500m. Cheguei a Seia, virei em direcção a Gouveia desci até cerca dos 1500m e este percurso no vale foi o suficiente para me aquecer novamente as mãos e recuperar a sensibilidade. Quando me senti novamente em condições, decidi retomar o caminho e tentar ainda chegar a Linhares.
Fui andando até Gouveia, por cima da cidade apanhei uma térmica que me levou até à Santinha, ganhei um pouco de altura e segui em direcção ao Folgosinho, onde decidi atravessar a direito por cima daquele buraco em direcção ao castelo de Linhares (como alias tinha feito o Paulo Coelho momentos antes com sucesso), iniciei aquela transição com 2000m, mas depois de passar Formosinho, apanhei uma descendente brutal, tendo chegado à cumeada imediatamente antes de Linhares a meio da encosta. Ganhei ainda um pouco de altura mas não achei suficiente para me passar para a descolagem de Linhares ( e além disso depois deste voo não queria estragar a pintura marrecando naquele buraco à esquerda da descolagem) e decidi vir para o vale, aterrando por detrás do castelo.
O Eusébio e o Paulo Coelho, chegaram a Linhares ainda com cerca de 2000m. Este queria ainda continuar em direcção à Guarda, mas acabou por desistir por falta de quorum. O Zé-Tó que tinha partido sem fato nem luvas, teve também de vir para o vale por causa do frio, e acabou por aterrar perto de Seia (ou Gouveia, não sei bem).
Desculpem a comprimento da narrativa, mas é do entusiasmo!!. Não é todos os dias que se faz um voo destes.
04.09.02
quarta-feira, setembro 04, 2002
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