segunda-feira, outubro 22, 2012

Aterragem em Castro Verde

por Eduardo Lagoa


Pelo fim! Aterragem nesta povoação que tinha tantos cavaleiros como carros na estrada.
Saio de casa com destino a Castro Verde, afim de observar de perto os homens das máquinas voadoras(Paramotor).
Depois de ver o festival de cambalhotas e com o acalmar das actividades, um team de Marafados lançou um desafio" bora dar um voosito a Alcaria" com o céu espantastico que estava! Lá partimos 8 pilotos para Alcaria para ver quem fazia menos marrecas...vento fraco de W, dificel saber para onde descolar N ou S, os marafados cansados só voavam para baixo! Tiro a minha cartada para a mesa e arrasto o último marafado a trás de mim...falta-lhe a coragem...mais um para o chão! 
Saco a térmica que me mordia a asa, e toca a subir, fiquei na espreita para ver se havia mais pilotos a descolar para me fazerem companhia, mas nada disso, bem aí vou eu para mais um voo solitário...solitário não, tive o maior batalhão de abutres camicazes que alguma vez vi, cerca de 50 bichos desprogramados, subiram dezenfreadamente com a minha presença por perto, a cada volta dada aparecia sempre um bicho em rota de colisão, fartei-me de ver peitos de abutres de travão a fundo. Já com alguns bons km em cima começa a hora de bater o dente com frio, não ainda não é hora de ir para o chão, mais umas térmicas, umas nuvens e mais um apertar os dentes com frio, começo a perder a coragem de seguir o voo, na base da nuvem tomo a decisão de ir para o chão no momento que já não aguentava mais o frio e melhor que tudo tinha a 1500m mais abaixo uma boa povoação mesmo por baixo dos meus pés.
Muito fixe para esta altura do ano mesmo quando não esperava fazer uns bons km, acabo por fazer 50km mas sem qualquer Vitória...fui derrotado pelo frio e pelos abutres camicazes!

terça-feira, setembro 04, 2012

XC OPEN Mirandela, 2012

Xc OPEN Mirandela, umas palavras... :)
por Bruno Matos

GRANDE semana passada a voar, aprender, forçar limites, gerir decisões, gerir indecisões, gerir paciência Vs não perder o timing , conhecer pessoas voadoras habitantes do nosso pequeno grande mundo, convívio do melhor, comidinha da boa....
Que mais se pode pedir???

Uma prova diferente das nossas "corridas". Onde, a meu ver, a tomada de decisões individuais a torna bem mais exigente que as restantes.

Resumindo, nas nossas corridas é possível deixarmo-nos levar pelas decisões alheias... um comité de pilotos a decidir a rota, timings de saída, um gaggle para seguir durante o voo, um local onde se faz STOP a que se chama GOLO... e que é tão saboroso!!!
Mas mesmo nas corridas, acho que fará a diferença entre pilotos aqueles que se deixam levar e aqueles que decidem!! Até agora, confesso que me deixo levar e confio aos mais experientes as sábias decisões.... Follow the Leader!!! ... Pode começar aqui o Leader Being Followed!! hehe

Nesta prova é tudo mais XC, mais crú...
Começa com o planear a hipotética rota a seguir, analisar as possibilidades, onde temos de estar muito mais atentos às previsões meteo no local e evolução ao longo do dia para longe, à morfologia do terreno nas rotas, aos espaços aéreos, não deixar a rota fechada mas com opções conforme as condições reais com que nos debateremos...

Vem depois a observação do dia, comparação com as previsões, o que nos levará à decisão da altura certa para descolar e depois de descolado, qual a altura certa para sair e atacar o dia...
Decidir seguir a segurança das estradas e terrenos já voados, ou deixarmo-nos levar pelo vento para locais mais promissores no ar, mas menos em terra!!!

No ar, temos sempre pilotos com os quais partilhamos o voo, mas não um gaggle sempre em direcção a waypoints certos, podemos seguir em grupo mas cada um tem as suas opções que poderão divergir em qualquer altura...
Temos diferentes camadas de ar com diferentes direcções, relevos que podem dar potencial térmico mas que podem ser difíceis de transpor ou o plano que torna mais fácil o avançar, mas mais difícil a certeza de onde atacar, são inúmeras as indecisões com que me debatia a todos os momentos...

E depois, o voo só acaba quando a terra subir, chegar e tocar nos nossos pés, nunca antes!!!

Acho que me deu muito, acho que sermos submetidos a estas decisões, no fundo, ao termos o PODER nas nossas mãos, de CONTROLAR, a que não estou habituado, nos torna pilotos mais completos.... Mais difícil, mas mais produtivo.

Claro que, como sou um Cientista por natureza, vivo e aprendo por pura experimentação!! E às vezes parece que tenho de experimentar o errado para provar que está errado!! Mesmo!!

Assim vou experimentando, batendo com a cabeça (com capacete) na parede e voltar a voar para voltar a experimentar...

O Grupo Tuga esteve fantástico, sempre motivado e prontos para desafiar a natureza para fazermos kms... Demos todos tudo o que tinhamos para dar, forçámos os limites e só não fomos mais longe porque às vezes o chão sobe demasiado depressa!!
Saio com o 11º Overall, um quase top 10... mas deveria ter sido bem melhor...

A organização esteve 5 Estrelas, Tudo a apontar... de positivo!! Bom ambiente, recolhas na hora, incansáveis no apoio... THANX!!!!

Um obrigado também ao pessoal que vai acompanhado e apoiando de longe, via voz, sms, forum... etc... Nós podemos não escrever mas acabamos sempre por ler e acabar com um sorriso nos lábios!!!

Para o ano podem contar Comigo e espero que muitos mais TUgaS!!!!

LONG Live XcOPEN Portugal!!! :) Abraços e muitos voos

quinta-feira, maio 24, 2012


Reserva na serra
por Carlos Lopes

Já voava a cerca de duas horas no inicio turbulento na zona da descolagem,depois fui em frente e na zona do de verdelhos Poco do inferno estava mais calmo andei por ali sempre na casa dos 1500,eram quase 4 h estava a enrolar uma térmica fraca que derivava para o vale glaciar no planalto lá em cima bem atras de verdelhos a minha ideia era subir o mais possível para passar o vale para o outro lado para cima da lagoa pois havia uma estrada de nuvens por aí até para lá de celorico da beira de repente sem k nada o pudesse prever um assimétrico Depois ficou calmo mais um pouco e a asa a querer fazer frontal,desisti da térmica e fui em direcção a Verdelhos foi aí que começou o festival a asa ficou sem pressão por toda ela de vês em quando entrava em voo depois desmontava se ficava parachutada fez frontal e nem sei o k mais como estava a cerca de 600 m do solo tentei recuperar a asa ao máximo não sinto k tenha feito nada de errado não sobre pilotei a asa em demasia,não me agarrei a bandas nem nada tomei a decisão de lançar o reserva , ainda ele não tinha aberto,a asa recuperou já não havia turbulência nenhuma,ele abriu muito ao de leve começou a puxar me pelas costas e a asa veio para a minha frente a voar para baixo,comecei a recolher a asa ,mas reparei que as bandas do reserva estavam torcidas tentei abrir as bandas mas como não consegui pois tonha a asa a voar a minha frente e já estava perto do chão e ia tudo calmo numa rotação para a esquerda deixei a asa que foi aberta até ao chão fiz posição de segurança e giestas com ele,sem um único aranhão foi bastante suave a chegada ao chão.
Neste incidente o k poderia ter feito melhor era recolher a asa o mais depressa possível e então tirar o tuixte e destrimar o reserva e pilotar até ao chão pois e um rogalo.
Passado um minuto já tinha os sapadores florestais a minha beira pois estavam a trabalhar logo ali deram o dia como terminado e levaram me para manteigas.

Para tirar macacos da cabeça ainda fui fazer um bom voo de restituição de 40 minutos a Covilhã

terça-feira, maio 08, 2012

Efeito de onda na serra da Arrábida
por Carlos Brazuka

Todos ja sabem o que aconteceu comigo e o Pedro Lacerda no Portinho da Arrábida no ultimo dia 16. Estou totalmente de acordo com o relato do Lacerda, e agora vai minha parte. Realmente antes do baile começar, estava tudo uma maravilha, só comecei a perceber que alguma coisa estava mal, quando vi o Lacerda dançando um fado triste e descompensado na tentativa de fazer uma aterragem em segurança, depois de ve-lo aterrar de forma anormal, foi então minha vez de começar a dançar. Comecei fazendo a aproximação por cima das ruínas que esta entre o restaurante e o monte, ai levei os primeiros assimétricos, a turbulencia estava acima do normal para aquela zona, então pensei que estando sobre a agua seria mais confortavel, a transição das ruinas para a agua foi terrivel, eu estava realmente dentro de uma maquina de lavar, houve momentos em que andei para tras, quando cheguei sobre a agua a coisa ficou pior e a cascata de fechos foi inevitável, e mesmo sem querer, cheguei a fazer helicóptero, por fim provoquei uma perda e fiz um mergulho fantástico, como havia muito vento o parapente fez de kite, e fiquei a poucos metros da areia. Foi uma tarde de voo, cheia de prazer e sustos, finalmente tudo terminou bem.
Há um jovem que filmou tudo que aconteceu com um telemóvel, mesmo antes de começar a dança, ele prometeu-me enviar as imagens, assim que as tiver publicarei no fórum e no facebook. Como disse o Lacerda, nunca tinha enfrentado tanta turbulência e tão violentas, vamos ter atenção as ondas de montanha na serra da Arrábida.
OBS: Estão abertas as inscrições para natação.

segunda-feira, maio 07, 2012

Efeito de onda na serra da Arrábida
por Pedro Lacerda

Ontem levei uma grande esfrega a aterrar na Arrábida. Achei muita graça a ouvir este podcast que o Nuno pôs nos bitokes esta semana. Estava com o Brasuka a voar lá, com uns jornalistas a filmar para um programa da Sporttv, descolamos meio dinâmico meio térmico muita fixe. Passado um bocado a coisa rodou um bocado... eu estiquei-me nuns wing-overs... fiquei mais baixo e subir grupos. Fui para a frente e... ah pois é... a onda. O típico por cima da praia e um bocadinho mais para a Anicha ascendente calma e fixe. Como tinha combinado filmar a aterragem fiquei a brincar de um lado para o outro à espera que os jornalistas chegassem o Brasuka juntou-se e sem mãos e sem pés e espiral os dois e voltar a subir... tinha uma goPro na cabeça a ideia era fazer muitas imagens do ar. Pronto chegaram... vou aterrar. Andava mais ao menos à altura da deco mas no sítio típico da onda por cima do monte junto à praia do Portinho. Aterrar ya... deixa lá ver se o sat entra não assim não dá outra vez não assim tb não... caraças deixa lá acelarar isto piruetas cambalhotas ya o normal estava a chegar à altura do monte... queria posicionar-me para um giro fixe na água e evitar o pessoal que era muito na praia e .... pumba uma das maiores máquinas de lavar que alguma vez apanhei. Segura uma segura duas e 3 e 4 e era para aterrar ao pé da camara e a subir que nem um maluco a 20m do chão e abatida e segura e o caraças é que aterro ao pé deles vou deixar ir direitinho até ao chão. Aterrei fixe virado a sudoeste e a asa quis-me passar por cima já no chão. Maradissimo. A aterragem do brasuka ele conta que há imagens e tudo. Um puto na praia filmou com o telemovel, o camara tb, e eu com a gopro na cabeça (disse-me o gajo da camara hoje) filmei tudo. Mas isso conta ele. Já tinha voado a onda ali buéda vezes nunca tinha apanhado a descer para a praia o rotor da onda. E pensando depois melhor sobre o assunto foi o que aconteceu. estavamos a voar em fase com a onda e aterrar à vertical onde estavamos a voar em fase é a zona turbulenta. daaaare. Voltando ao voar em ondas... ali a da Arrábida não é a melhor cena estás rodeado de montes à volta. Os ingleses voam nisso em montes mais pequenos. e nós? Sim eu sei que a conversa normal é que só os planadores é que podem.... as deltas já passaram a poder à algum tempo e agora os parapentes começam a poder tb. Onde é que há montes para voar a onda cá?

Steve Hudson - Flying in Wave

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Evitar Portagens na A23


Criei um documento para levarmos no carro e nos guiar na viagem Torres Novas-Belmonte. Indica-nos os desvios para evitar os pórticos de portagens.

Há desvios que podem não compensar fazer e por isso agradeço comentários baseados na vossa experiência.

Clica aqui.

Fonte:
Blog do Katano

sexta-feira, maio 27, 2011

Castelo de Vide-Penamacor, 88 km









Voo XC de Castelo de Vide (Castelão) até Penamacor

por Henrique Novais
Olá amigos aqui vai a descrição de um voo realizado no passado Domingo dia 8 de Maio de 2011.
No sábado, as previsões não eram assim muito famosas, vento fraco, a rodar de sul para Sw perto das 15h, tecto 1200-1500m, mas o meu amigo Tiago estava entusiasmado e lá se combinou,
depois já a altas horas da matina ainda ligou o Lacerda e lá juntamos 8 voadores.
Pelas 9.15h lá saímos pela estrada nacional e lá fomos, pelo caminho verificávamos que a medida que nos íamos aproximando mais do interior, o céu estava mais fechado com muitos cúmulos, chegamos a Castelão já passava das 12.30h, fomos deixar um carro na aterragem oficial, abastecer os camel-bag de água e subimos para a descolagem onde encontramos mais 3 manos da Paravoar.
Ao descarregarmos as asas começava-se a ver os nossos amigos abutres a dar umas enroladelas e a ir á base das nuvens, o que era uma boa indicação para nós.
Chegamos á descolagem o vento estava SW-W intensidade boa, alguns pilotos começam a preparar o material, outros comem.
Um pouco antes das 13.30h, dá-me um aperto muito grande, e lá tive que ir mandar um fax para tokyo, momento em que Hugo Almeida, e Pedro Lacerda começam a descolar, o Hugo teve de sobreviver mais um pouco á lei da gravidade, mas o Lacerda começa a subir que nem um maluco logo a seguir junta-se a Paulinha e o Hugo passado pouco tempo. De seguida mais pilotos vão saindo, Tiago Dário, Finoty, Henrique Baptista. E
u atrasei-me com o servicinho extra e já começava a stressar, pois estava no chão e aqueles caramelos todos colados a nuvem e alguns já tinham entubado.
Equipo-me e vou para descolar e a Moranguinha não queria subir, e a asa virava-se para o lado esquerdo, então verifico que tinha um cordão torcido na b
anda esquerda, pois este sintoma não é normal na minha linda asa. Entretanto descola o Carlos Silva, o Luís Nascimento e outro piloto da Paravoar que não me recorda o nome, e o Jacinto.
E eu ainda no chão a deitar fumo pelas orelhas, entretanto lá resolvo o meu problema técnico e fico a postos para descolar. Começo a observar tinham subido todos menos o Jacinto que tentava sobreviver ao máximo. Olho o horizonte e aproximava-se á frente da descolagem um conjunto de nuvens que iam tapar a descolagem por um grande período, então vejo o jacinto a subir um pouco, começa a entrar um ciclo um pouco mais forte e des
colo. Assim que levanto a asa, começo a subir logo generosamente e fico logo bem por cima da descolagem, depois apagou-se um pouco e fui tentar apanhar algo mais consistente para a frente no plano ao lado direito. Com um pouco de empenho e dedicação lá apanho uma bolha boa que me leva á nuvem, entretanto verifico que o meu irmão Jacinto tinha aterrado.
Na zona já não se encontrava nenhum piloto, assim sendo começo a fazer o meu voo, a tomar as minhas próprias decisões e não ir em cantigas. Quando chego a nuvem continuo a subir mais um pouco, pois pensei o tecto está baixo, 1100-1300, tenho que aproveitar, chego aos 1700m, a direcção do vento era SW 10km/h, viro costas ao vento
e saio da nuvem, começo a olhar não vi ninguém e pensei estes gulosos já fugiram todos e o urso ficou a comer os restos, e continuei o voo, vislumbrando o que se ia passando em termos de nuvens, passarada que andavam doidos, de nuvem em nuvem, sentia-se mesmo alegria nos animais, fui vendo as estradas de alcatrão, pois o penúltimo voo que fiz em Castelão tive que andar com a mochila ás costas um par de horas e fazer muitos Km a pé para sair vivo de uma reserva de caça espanhola, antes de Membrio.
Então começo a cortar um pouco caminho para Norte e á
direita vejo a aldeia que agora sei que se chama Nossa senhora da Graça e Póvoa e Meada, e vou seguindo a minha rota, de nuvem em nuvem.
A nascente desta aldeia apanho uma térmica boa que me levou aos píncaros dentro da nuvem de onde sai com uns 2000m de altura e não foi mais porque se acabou a gasolina, nunca tinha visto uma coisa assim o ar estava tão denso que as linhas da minha Moranguinha choravam gotas de água, e de tanta humidade e com a velocidade tilintavam e estremeciam, olho para as mangas do meu casaco e estava todo encharcado e pensei só espero que a minha bicha se porte bem, pois o fabricante recomenda não voar com chuva por causa de risco de colapso, não era o caso, mas a asa escorria água com tanta humidade.

Mas afinal até foi bom ela ficou lavadinha e deu-nos animo para continuar.
Assim procurei um local seguro e aterrei á entrada da vila ao lado de uma Bomba de gasolina, 5*, pés no chão, e digo bela voaça. Para mim o mais importante não é os
KM que se faz é descolar, desfrutar e aterrar em segurança, a vida é muito preciosa, e para continuar a fazer Km é preciso estar vivo…depois ligo o IGO para tentar saber onde tinha aterrado e vi PENAMACOR.
Ligo ao Jacinto que já me tinha ligado várias vezes, e que não atendeu, liguei ao Tiago Dário, que percebeu onde estava, disse-me que era o campeã
o do dia e disse-me para apanhar um autocarro para Castelo Branco. Pensei vou dobrar a asa e perguntar na bomba de gasolina alguma coisa por lá.
Pouco depois de dobrar asa o Tiago ligou-me a dizer que dai a 30m est
ava lá e eu, pensei fixe, voo muito nice, recolha rápida, o que posso querer mais. Cheguei á bomba e passado 15 minutos ai estava o Tiagão o taxista de serviço ultra rápido.
Fomos até Castelo Branco, onde encontramos um restaurante muito nice o Forno, onde tivemos a pastar, a refrescar a goela com um belo tintol, e muito convívio onde não faltou um bagaço para comemorarmos o dia.
Chegamos a Lisbon perto das 1.30h da matina, mas valeu a pena arriscar um dia que não parecia ser tão generoso.

Um abraço e bons Voos,

Henrique Novais

quinta-feira, maio 19, 2011

C Vide-Castelo Branco, 50 km





RElato de voo! CdV-CB 8May11
By finoty

Cada voo uma história diferente, assim como não há dois dias iguais..

A malta acreditou na previsão animadora do dia anterior e assim overtheknee fomos até Castelo de Vide.

O céu estava muito tapado, tecto baixo (1500) e sombra por todo o lado, um ou dois grifos mostravam onde se subia.. não prometia muito e os ciclos entravam fraquinhos, mas não per
demos tempo e foi tudo para o ar.

O Lacerda e a Paulinha deram o mote e não demoraram a acertar num bom termicalho, o Tiago e o Hugo foram logo a correr e eu fui atrás.

Em pouco tempo os primeiros ja estavam nas barbas da nuvem.

Àquela hora as nuvens para trás da deco estavam muito juntas, o espaço para os raios de sol aquecerem o terreno eram fechados, o vento fraco de SW empurrava para a sombra.

O Lacerda arrancou em primeiro e levou a Paulinha a reboque.

A acreditar na previsão e na diminuição dos cumulos com o evoluir do dia deixei-me ficar no chupa da nuvem por cima da zona da deco enquanto o resto da malta descolava.

O deserto junto a fronteira com Espanha fazia-me pensar d
uas vezes, nao queria tresmalhar-me para lá sozinho, agradava-me muito mais ir de aldeia em aldeia com uma estradinha por baixo, e assim fiz, puxei á esquerda do vento e fui fazer uma visita as aldeias mais a leste do Alto Alentejo.

Na segunda transição chego por cima de Póvoa e Meada. Nesta altura andava a divertir-me com as nuvens que eram muitas.. qual a melhor? Qual o lado ideal? procurei sempre a atacar o barlavento e com o sol a vista, a brincadeira ate estava a correr bem, mas a vontade de virar costas ao vento e o medinho de entrar pelo deserto espanhol a dentro dexavam-me hesitante, inseguro e lá andava eu sem um plano de voo definido.

Nesta altura abelhei por cima da aldeia sem saber bem o que fazer. Ainda pensei voltar pra Castelo de Vide que dava um voo engraçado mas muito trabalhinho contravento. Como havia ainda mais uma aldeia com recolha rápida decidi-me pelo mais fácil e fui conhecer Montalvão lá do alto.

Em Montalvão fiquei novamente colado a nuvem, as condições do dia melhoravam e já ía com duas horas de voo no bucho, mas na minha cabeça estava ali como se num beco sem saída! Ao mesmo tempo que não queria ficar por ali, a minha preocupação em não dar muito trabalho a quem me fosse recolher estava sempre presente, mas como havia es
trada pelo menos até ao Tejo decidi ir ver a vista.

A vista é sem dúvida bonita, mas lindíssima foi a térmica que me catapultou para a margem norte ahah!! Uma vez colado de novo a nuvem e com mais aldeolas do lado de lá do rio não hesitei em dar o salto porque sabia que apartir dali havia sempre povoações e já podia virar costas ao vento. Time to relax, comer umas bolachinhas e tirar umas fotos :P

Transição longa, buraco azul, fico baixo, aiaiai ó tio ó tio, isto e
stava a correr tão bem.. pensei hmm naquela aldeia deve haver minis, uma albufeira ali mais a frente.. 650m vou espreitar se não der vou para as minis enquanto espero o camião. Meto-me no escuamento do vento em relação à lagoa que dava para um vale estreito e arborizado e ... Bingo!!! Começo a enrolar e quando olho pra cima um bando de cegonhas, já me safei! Distraído com tantas penas lá em cima nem reparei que ao meu lado um grifo se tinha juntado a mim, fizemos logo uma grande amizade que durou até à cloudbase! Simplesmente mágico, foi o momento do dia, o bicho a enrolar lado a lado como se eu fosse um dos dele.. No words, só quem já passou por essa experiência única consegue entender do que falo! Um profundo sentimento de liberdade e ligação á natureza, que no fundo é a essência do nosso desporto!

Mas calma esta térmica foi uma verdadeira aventura do mundo animal, quase a chegar ao topo aparecem duas águias tresmalhadas que voavam muita mal, subiam num núcleo mais ao lado de mim e do meu amigalhaço, e qual não é o meu espanto quando as duas se aproximam e uma delas muito distraída quase choca de frente no meu bordo de ataque!! Não tive reacção, só pensei olhólhólhó.. e apanhei um grande cagaço! Mas assim quase quase que tinhamos chatice. depois como era? vestir colete, montar triângulo, declaração amigável, provavelmente não tinha seguro.. =P

Adiante =), Castelo Branco é já ali!!

Tecto mais alto, costas ao vento, Retaxo era a povoação que se seguia.

Nova catapulta em Retaxo e o golo psicológico em CB estava no papo =)

As condições nesta altura estavam tão boas que tinha dado pra seguir a A23 em direcção a NE, ainda testei, mas o cansaço e a falta de concentração chamaram-me de volta a terra.

Descobri o Shopping que fica junto a zona industrial e fiz-me ao chão, o problema foi descer é que a zona industrial estava em alta produção e era térmicas por todo o lado, fiz espirais, orelhas, procurei descendentes e ás tantas cerca das 17:30 la consegui descer à terra :P

Fui recolhido duas horas depois e o dia acabou em grande num jantarziu com a malta toda junta de novo em CB.

Foram só quase 50km, para muitos é uma marreca mas para mim passou a ser recorde em mais 6 kilos que o anterior lol.., mas muito voo e um grande treino =)

Obrigado malta pelo dia, agoram xibem-se aí também, mas não precisar de escrever tanto como eu =P

Beijinhos e abraços

Carlos Silva Aka Finoty

segunda-feira, agosto 30, 2010

Azinha-Ródão, 100 km

por Ricardo Nunes

o voo em si não tem muitas histórias para contar.
Eu não contava fazer um grande voo, estive quase 2 horas para sair da serra.
Descolei sabendo que as condições estavam difíceis mas não estava para ficar mais tempo na descolagem onde o ambiente de descrédito no dia estava a começar a dar-me alguma comichão.
No dia antes tinha estado lá a voar com condições parecidas e estava pronto e com vontade para a luta.
Difícil foi mesmo subir até ao poço do inferno, depois o Diniz desafiou-me e lá fomos para a covilhã.
Seguimos pela direita da A23 e até ao Fundão foi sempre a enrolar tudo o que aparecia, eram fraquinhas e derivadas mas dava para seguir no boianço.
Ao chegar ao fundão aparece o Speedycibynoseunovotrapovoadorqueconhecetodososcanhõesdazona e pimpa saca
um tiro no fundão e fica por lá à nossa espera.
Entretanto já o Senhorrodriguespaciênciadocacete estava também a prepara-se para dar o salto da Gardunha.
O canhão do Ciby era só para ele, aqui o zé teve de penar para subir no Fundão. Mas deu e bem, foi até aos 2500 e fiz as pazes com o Fundão.
Nesta altura eu era a asa vassoura, sem pressas e já com o dia ganho.
Mais à frente apanho uma térmica a barlavento da barragem (térmica do dia, não pela potência mas pela beleza) e tungas foi até Castelo Branco, estava ventinho e ia-se a 60 de mãos em cima.
Passar Castelo Branco foi sempre a boiar em 0.5~1m/s à espera que se soltasse, não soltou.
Ok, já tinha sido um bom voo e toca a escolher um buraco para aterrar e ups.., outro boianço, bora lá pode ser que dê qualquer coisa.
Deu :D.
Daí até Vila Velha de Rodão foi "um pulinho, ou dois" e já estava contente se conseguisse chegar perto do ciby que há já uma meia-hora que se queixava de estar farto de fazer ladeira e não conseguir subir na parede atrás da vila.
Era final do dia e parecia que a restituição já estava a soltar, chego lá com 1400 e o Diniz, que já tinha passado começa a espicaçar-me para os 3 digitos.
Ok, bora lá.
As térmicas já só eram uns "peidinhos" da natureza e mais valia ir andando do que enrolar. Esta parte final foi cómica comigo a olhar para o flymaster a dizer 99.1, 99.2, 99.3, e eu a já conseguir contar as azeitonas nas oliveiras.
O Diniz já estava para aterrar junto a uns cabos de alta tensão e a dizer-me que ali eram os 100.
Ele parecia-me muito longe e cheguei tão baixo que nem tive altura dar a volta e aterrar como deve de ser, levantei uma enorme nuvem de poeira :D.
Olho para o gps e tunga 100.2 YEAHHH, é o meu record pessoal daí a importância que dou a este voo.
Estava a acabar de dobrar a asa com o Diniz e aparece o António Barreto para a recolha, lindo. Tudo terminou com uns secretos em Nisa. ps. Quem leu tudo até aqui é um "ganda maluco". :D

sábado, agosto 07, 2010

Moncorvo
















por Nuno Virgílio


mais do mesmo..

Pedro Moreira em altas, mas ninguém pára aquele gajo?
dasss
fui só na 6ª e tungas..
lá perdi um mangalho de quase 80 kilos, o record até á data, em mangas de Moncorvo.
golo em Ciudad Rodrigo, com os suspeitos do costume a limparem a cena. o cenário deslumbrante da travessia do Douro em Barca d'Alva e tal.

na 6ª a previsão era fixolas mas com descolagem virada a NW ..e previsão de NE..
bom, já me lixei uma vez não quero desperdiçar outra.
lá saímos para o golo em Almeida, a vilazinha com muralhas em forma de estrela do tempo do condestável Nun'Alvares.
a saída n tava fácil, com alguns petardos a obrigar a segurar o txã, e tecto a bater na tampa, aos 1400, com alguma deriva para a buraqueira..
um mimo, portanto. a espera no start lá me encontrei com a Mac do Pedro e ala.
em direcção ao rio.
no sotavento subimos aos 2200 e antes do rio um canhão meteu-me a 2400 mas o Pedro resolveu atravessar directo.
chegou ao planalto e pufff. marreca dura.
eu lá saquei uma do chão pouco mais á frente mas tb n deu pa grande coisa. é incrível como aquela zona só funciona uns bons km depois do rio. ainda n percebi porquê. tanto que em Fig.
Castelo Rodrigo fui fazer companhia ao pessoal do café central.
mine, sande de torresmo e todos sem dentes á frente. a saúde oral vai muito mal por aquelas bandas.
meia hora depois passa o pelotão de abutres.
-comentário censurado- a boa notícia é que o PNunes encontrou a carteira que tinha perdido no dia anterior (entregaram na guardia civil em Vilar formoso, com os 60€ intactos)
ainda bem, porque assim não se livrou de comemorar com o pessoal.
dia seguinte: boa previsão, apesar do vento norte.
tecto mais alto com possibilidade de chegar aos 3000, e vento fraco. nunca antes se tinha voado tanto para sul. o território proibido acaba por se mostrar bastante bom de voar, e a buraqueira afinal não assusta tanto (mas não quero ficar baixo, lá...)
ok, mangalho de 90 kilos, com golo directo no Soito-Sabugal
toda a gente descola e sobe relativamente bem, embora com térmica power e estreitinha.
Cris saca do cogumelo, depois de um frontalão com direito a carrossel.

quem disse que em Trás-os-montes não se passa nada de emocionante?
a seguir foi dejá-vu.
Moreira e Virgílio a seguir em dupla, a puxar um pouco á esquerda na travessia do rio para sobreviver até a passagem das cristas da serra da Marofa, depois a permitir andar mais, todas as transições a carregar bem. o tecto mostrou-se generoso mas não tanto como previsto.
2400, max?

o resto da malta vinha mais directo pela linha de água que subia, alinhada com a rota. o Pedro com o andamento do costume a atacar sempre, e a sacar as termicas todas do chão.
enrolámos tudo sempre juntos e só no final uma linha muito má me põe com 400m de diferença pra ele. tive de enrolar a ultima e perdi 2 minutos na transição final. a passagem do Côa (2 vezes, pq faz uma curva) foi sempre hardcore, com a buraqueira a arreganhar o dente e a térmica meio durinha a obrigar a segurar o cavalo.
mas foi fixe.
depois chegam RNascimento, PKoelhone, Brazuka, Eusebio, ROliveira, pRodrigues, Felix, Alex.. e acho q não me esqueci de ninguem.
alguns a ficar pelo caminho, perto. nas meninas, a unica corajosa foi a Rita, que atravessou o Douro.
missão cumprida. a vista vale pelo voo todo. o dia a seguir tava muito ventoso, fomos chapinhar mais cedo pa casa.
moncorvo volta a mostrar que tem o potencial todo. gostei.

quinta-feira, julho 22, 2010

A Prova de Montalegre


por Pedro Lacerda

Pá gostei muito da ultima prova em Montalegre, teve os 3 primeiros dias de meteo completamente engonhante, talvez a primeira menos, naaaaa era muito engonhante pôs logo no chão antes do start uma data de adversários directos do campeonato.
O Cristiano, o Pedro mais tarde, o Ricardo Rodrigues enfiou-se nas giestas, o nosso Nuno andava sozinho a voar por cima da deco de Chaves, havia outro grupo que n tinha marrecado à direita mas coitados estavam a ser arrastados para fora da direcção da manga e a subir muito mal, eu fiz o start no chão porque não dava para descolar e descolando era muito foleira a condição.
Até que descolei e (que estranho) entrei directo numa térmica que me levou ao tecto do dia uns 1800 e lá fui com o Ricardo com a Sílvia o Luís Carlos por ali fora todos baixos logo à partida uns vinte minutos meia hora depois do start ter aberto. Fui perdendo amigalhaços pelo caminho e acabei por fazer a metade final da manga sozinho.
O momento mai lindo foi a enrolar uma termik fraquinha com o Ricardo por cima de uma pedreira ao lado de Valpaços e ouvir uns estoiros.
uando olho para baixo era mesmo naquela pedreira que estavam a fazer explodir pedras com dinamite. A térmica melhorou bué a seguir.
Cheguei em quinto nesse dia o que não foi mal na estratégia de subir no campeonato.
O Nuno chegou muito mais cedo e ganhou a manga mas acabou por não dar muitos pontos porque a condição inicial era mesmo má e pouco competitiva.

Seria um dia porreiro para se fazer contra-relógio e não corrida, era mais justo. Não se conseguia ter um grupo grande pronto para arrancar à hora do start.
O que aconteceu no dia seguinte, eu cheguei à nuvem no start 15min antes, foi chegando cada vez mais pessoal e aquilo ficou um momento lindo, tudo na barba da nuvem à espera. histeria completa e colectiva.

A manga era igual mas tinha 2 balizas que se revelaram mal colocadas e que tramaram quase toda a gente. 3,2,1, goooo tudo de primeiro pedal metido directo à primeira baliza, primeiro pedal é a minha medida, o tecto estava mais baixo ainda que no dia anterior, uns 1600m, 5km depois estava tudo a rapar o chão na sombra, passamos de cuidado n quero entrar na nuvem a ai que fico já aqui em 10min ou menos.

O Nuno que ia orelha com orelha comigo continuou em frente pela sombra eu resolvi virar tudo para a direita para um barranco onde saquei com o Paulo Silva e o Paulo Branco uma com uns 50m do chão ou menos, a asa queixou-se muito, a minha e a dos outros, térmica fodida junto ao chão mas depois acabou por arredondar e lá fomos na brida até à nuvem outra vez, de tal maneira que depois quando nos encontramos no fim do dia só falávamos dessa térmica.
Só que agora por causa da fansine inicial tinha de voltar uns 2, 3km para trás que na tinha feito a baliza. eu e todos.
o Paulo Silva desistiu logo porque n tinha feito o start, os outros que não viraram à direita ficaram logo ali. 2km 1km 500m 401m 399m tá feito vira de costas e tou baixo outra vez e tinha passado por uma data de pessoal em contra mão que normalmente vem mais atrasado.
O Victor estava a enrolar qq coisa que parecia fixe mais à esquerda e bota para lá que o spot da térmica anterior estava agora à sombra. Afinal a térmica dele tinha desistido e ficamos todos, eu Victor, Paulo Branco, Paulo Nunes, Rui Nascimento, depois Helder, todos agarrados muito baixos e a zerar.

O primeiro gajo a ficar farto foi o Rui que se atirou para a frente baixo para o rio depois para uma pedreira e não deu, chão, depois o Victor que arrancou para o lado, chão, depois eu e o Helder veio atrás de mim para o rio e meti-me lá para dentro sem aterragens, deu.

Deu uns 300m e depois desistiu outra vez. Tudo isto com a deriva a afastar-nos cada vez mais da segunda baliza.
Olha admito, estava a 6km contra vento da baliza e baixo, desisti, aterrei em Valtelha eu e o Helder, conheci a Fernanda de Valtelha a filha da Maria Segadeira, e a Fabiana que gosta do Michael Carreira (esse palhaço) e o Joaquim (gajo mais porreiro de certeza que o Michael Carreira) e o Tio Zé, o dono do café.
Gostei muito da Fernanda.
E o pai da Fabiana é um estúpido.
O Paulo Branco é muita bom e aguentou-se à bronca e chegou ao golo. Quando o deixei ele estava mais baixo e com os tais 6km contravento para fazer.
O resto, chão.
Nesse dia o Alex chegou primeiro ao golo mas tinha queimado o start o que faria o Hugo o primeiro.
A manga foi anulada porque não havia pilotos suficientes na distância mínima.
Mas a estratégia do Alex de ir mais calmo pelo sol e não a meter o primeiro degrau compensou bué.
Speed to fly não é acelerador. é subir bem. Avaliar condições.
Se tinha sem querer feito a primeira baliza nesse dia estava muito bem colocado depois da termik da porrada.
Alias tinha um gps a dizer que sim tinha feito e o mlr a dizer que não. o mlr é que sabe, voltei atrás. e era verdade não tinha feito.
Chaves nunca mais e embora lá para o Larouco, terceira manga, eu nesta não quero falar porque marrequei forte e feio à frente de toda a gente o que me fez ver uns 30 gajos a passar-me por cima.
Até o Nuno a perder a térmica vi e marrecar depois, o Rui o Américo e mais outro a subir bem por cima do sitio onde tinha aterrado. Estava no topo da térmica no start, o gps a dizer que podia arrancar o que fiz ninguém veio e no caminho apanhei uma térmica que furou a inversão e subi acima da inversão.
Ou seja estava muita bem colocado.
Espero pelos outros?
Estava a andar muito bem com um planeio de 8, 9.
Naaaa eles que me apanhem. à minha esquerda estava o Pedro e o Cris mas mais baixos e mais longe da baliza. A estratégia deles era boa se o vento fosse o da previsão que os punha de vento de costas, mas afinal não era assim tão preponderante.

Monte a seguir termik outra vez a denunciar um dia engonhante mas a minha era melhor que a dos outros todos atrás e ao lado.
1500 perdi a paciência e vou experimentar os sotaventos.... 1, 2, 3, chão mal e porcamente.
A seguir a aterrar entra um ciclo, o costume. Pá eu não avisei ao principio mas isto já vai enorme e é só do meu ponto de vista que se trata.
Que sinceramente é muito piço e falta muita sabedoria. Frangos e o camandro.
Passaram todos por cima uns ficaram por ali, eu andei na mata para sair de lá, os outros foram a voar, rais-ta-coma esta merda do parapente que não é nada justa e o camandro. Rui ganhou com o Cris a ficar injustamente tb a pouco do golo.
Dia que além de engonhante tinha bocados contra vento.

Ultimo dia..... Larouco outra vez e finalmente uma previsão a sério.
tecto mais fixe térmica mais fixe e vento de oeste a entrar mais tarde com sul ao principio. Start porreiro, baliza porreiro, muita gente no grupo da frente, 2ª baliza era a descolagem contra-vento menos porreiro e começa a separar pessoal.

Vou só subir aqui senão não chego e tal e depois foi mais outra se não não chego mesmo e lá fiz a baliza à altura que descolei.
Dasse, ia tão bem e numa perna e numa linha mal escolhida fodi tudo.
Vi mais tarde que mandei um planeio de 2 para a baliza.
O Nuno Gomes foi o gajo que para mim fez melhor a baliza da deco, indo por cima da serra e apanhando a termica do start do larouquinho. pronto mas...
Feita, vira tudo, e toca a rapar laroucos até a um nariz onde havia algum pessoal a subir, misturavam-se os que iam com os que vinham.
Subi outra vez baril, demorou um bocado, a térmica é verdade estava caceteira qb, e arranco para a terceira baliza e aqui é que acho que ganhei a coisa. Tinha um grupo de pessoal à mais à frente, o Pedro o Nuno o Rui, o Cris, mas andavam mais baixos e a enrolar para chegar à baliza, eu passei depois não precisei, umas voltas e tal mas mais em descargo de consciência, vi-os fazer a baila e arrancar para o golo à minha altura, fiquei a desconfiar que depois da baliza dava para seguir directo para o golo.
Eu n tenho o flymaster a funcionar n tenho isso. Feita a baliza preciso de 12 para o golo e tenho o Nuno Gomes e o Paulo Silva mais altos uns poucos metros e o Eusébio que vem ter comigo a perguntar se a prova acabava ali ou ainda havia mais.

Tentei-lhe dizer que era o g11 ou que viesse atrás de nós. Veio, subimos e eles sairam. Eu tinha 8.7 para o golo e sai tb.
Eles mais altos mas eu com uma asa melhor.
Foi fixe que só com o primeiro pedal consegui gerir a altura e passa-los aos dois. Eusébio quarto. Para minha surpresa o grupo da frente tinha ficado todo no chão.
A melhor explicação que ouvi foi a do Diniz que dizia que foi a entrada do oeste.
Ele vinha mais à esquerda do vale e tinha-se lixado, os da frente tinham vindo mais baixo não sei que linha e tb se tinham lixado.

Eu o Nuno e o Paulo arranjamos uma linha fixe com uma térmica ou outra a deixar que chegasse em primeiro lugar. Nunca tinha ganho uma manga e era o grande objectivo deste ano.
Até tinha prometido se ganhasse limpava o carro.
Vou limpar. Os primeiros mil dão muita alegria.
Ena pá escrevi tanto que de certeza deve haver um disparate ou outro, espero que não levem a mal.
Fernanda de Valtelha tu é que és....

quinta-feira, junho 17, 2010

Azinha-Vidigueira, 248 km
















por Nuno Virgílio

.. e já voltei.
À 1:20h da manhã estava de volta no Vale de Amoreira com o Miguel. Se não fosse ele, eu não me tinha mandado!
Obrigado ao Clube Vertical por desenvolver o spot e especialmente ao grande Miguel pelo apoio personalizado!


Quando vi as previsões do Vítor fui confirmar o skew-t pra ver o porquê do "razoável a bom". o tefigrama parecia bastante bom, embora com algum vento de Norte, o que é sempre (sempre mesmo?) chato. em todo o caso, ia haver nuvens, boa térmica, tecto razoável.. e o vento é bom pra nos levar longe.


Por coincidência ia estar na Covilhã nesse dia por isso despachei as reuniões cedo e siga pra serra.
Poderia ter descolado mais cedo, pois já tinha rodado a norte, e tava muito tapado. quando descolei não se subia e andei a ladeirar na encosta do skiparque. o máximo que dava era os 1400, tudo á sombra, ventinho.. ora bolas.. cheguei atrasado -pensei.

Mesmo assim, mandei-me para a encosta de Verdelhos, á espera de uma aberta de sol que me fizesse subir um pouquito mais, ou que derivasse numa bolha para o fim do vale, onde bomba sempre. népia.. baixo, rasteirinho, só dava mesmo os 1400 com mta deriva.


"Que se lixe, pelo menos dá pa chegar ao aeródromo da Covilhã, não vou já pro chão" deu, e deu pra continuar.. a rapar sempre, enrolava as bolhecas junto ao chão, sempre a ver qual era o campo onde ia aterrar. mas a coisa lá ia funcionando e passei o Zêzere.
organizou-se qualquer coisa já nos campos onde eram os golos do Fundão nas mangas da Covilhã há uns anos.


(Nos golos bomba sempre!!) e finalmente a chegar á Gardunha apanho o canhão: +6 até á nuvem, a 2200. a partir daqui a cena mudou radicalmete, foi sempre a abrir! muita nuvem a permitir andar a direito, subir sem enrolar e ainda pra mais a carregar no pedal.
o Miguel vinha a seguir, a dar a dica ao rádio, o que dá bastante confiança qd se está sozinho por isso achei que ia explorar o dia ao máximo -" plos menos uns 100kmzinhos há-de dar :)"
A mega nuvem na zona de Lardosa/Castelo Branco (70kilos) acabou por ser demasiado grande e acabou a chupa, cortando tb a actividade térmica pelo que tive um ponto mais baixo perto do Retaxo, aterrar não era um problema: pelo menos come-se bem na tasca! :D
Mas aqui saquei mais uma bem redondinha outra vez lá pra cima.
daí até Nisa (110kilos) foi um tirinho, transições a 60-70 com o acelerador metido, o Miguel quase não conseguia acompanhar com o VerticalMobil.
Esta rota já era minha conhecida de há uns anos - ajuda saber que a estrada segue sempre recta e há aldeias de 10 em 10 km.. a estrada de nuvens estava ali toda montada e não havia nada que saber, foi o voo clássico, de umas pras outras. o tecto subiu pra 2500, a térmica continuava boa, era só sondar a zona qd começava a zerar, centrar bem e transitar novamente pra próxima.
aproveitei pra sacar umas fotos, beber uma aguinha e tal. O Miguel começava a dizer que "cheira a record" mas pensei que ia ser difícil.
Imaginar 120km pra frente desmotiva um bocado mas.. ainda era cedo.. lá no fundo comecei a focar nisso.

depois de Estremoz (170kilos), acabaram as nuvens. só uns farrapos que desfaziam rápido, na frente, indicavam que o dia ainda não tinha morrido e onde estavam as ascendentes. passei pertinho de Évora e aqui perdi o apoio do Miguel pois o meu PTT não funcionava, conseguia ouvir mas emitir.. tá quieto. zero, nicles.
Estávamos a comunicar na base do "se já passaste este sítio assim-assim, patilha 3vezes.. :) hi-tec, portanto.
ele aqui desviou mais para a zona onde o PMoreira tinha aterrado no ano anterior, e eu a patilhar só 2x pra ver ser ele perguntava alguma cena que pudesse indicar que ia noutra
direcção.
"ok, siga. logo se vê." depois desta zona o terreno já não me era familiar por isso não tinha bem a noção da minha posição, tinha o Alqueva bastante á esquerda e muitas outras barragens mais pequenas por todo o lado, o dia começava a acalmar mas mesmo assim forcei as transições com o acelerador.

subi na última térmica exactamente na marca do meu voo do ano anterior (216kilos) e como o dia já ia avançado, achei que ia ser a última, foi aproveitar o +3 constante até lá bem acima e vamos a isto, só preciso de mais 15 pra passar o do Pedro. na última transição foi só escolher a melhor rota, passar mais aquele monte, avaliar a vila na frente (vinhas por todo o lado) e escolher o campinho, não se descia com aquele efeito da bolha de calor no chão e com paciência ainda teria dado mais um bafinho, mas continuei. já chega! :D


Qd aterrei parecia que tinha ido com o live tracking! já toda a gente sabia! xiça, um gajo não pode ir voar tranquilamente e ter alguma privacidade, vêm logo melgar a saber qts kilos e qt tecto e mais não sei o quê.. :)
na aterragem apanhei uma boleia altamente, o sr António ofereceu a bela da cervejola fresquinha e já me estava a oferecer pra jantar uma sardinhada, tomar um banho, dormir lá, casar com a filha, herdar as propriedades e a pensão, e tudo e tudo e tudo. o Miguel chegou pouco depois e foi a festa. o regresso ia ser longo.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Voando a Airwave Magic FR5

por Gil Navalho

Ontem cons
egui fazer o primeiro voo com a minha nova FR5, e ao que parece, uma das primeiras a ser produzida já como modelo em série. A expectativa era grande após ter trocado algumas impressões com o Bruce Goldsmith. Ele disse-me que a asa era bastante mais fácil de voar que a FR4. E tem razão! As minhas asas anteriores foram: a FR2, a FR3 e a FR4. Destas, a mais divertida de voar foi a FR4: tinha um giro maravilhoso e de uma precisão incrível, permitindo apertar a volta mesmo em térmicas fortes com tendência de atirarem a asa para fora. Ela tinha um comportamento um pouco “cobra” em turbulência, mas sem consequências. De resto o comportamento era muito são. Mas é sobre a FR5 que quero agora falar. Estou a voar o tamanho 22, e vamos a números: Área projectada: 22,3m2; Alongamento plano/projectado: 8.5/7.1!!! Existe bastante mais informação no site www.para2000.org A asa já tem os reforços com nylon no bordo de ataque em todas as nervuras e ainda um reforço adicional no extradorso entre as nervuras (idêntico à Icepeak 3, se bem que não tão profundo ao longo da corda). O resultado é de facto notório em voo: não existe qualquer deformação do bordo de ataque mesmo acelerada. Ontem consegui fazer um voo de 1h25m com térmicas de perto de +4, pelo que já deu para perceber o comportamento em voo. É complicado descolar com muito pouco vento, pois a velocidade mínima é elevada e as entradas de ar no bordo de ataque não abundam. Mas com uma brisa ligeira a asa sobe de modo uniforme sem ter tendência para avançar as pontas. Nota-se de imediato que é uma asa muito rápida de mãos em cima e com muita energia, respondendo muito bem ao manobrador. O desempenho a girar é fantástico: gira muito plana sem “derrapar” e sobe muito bem. Reage apenas com uns cm de manobrador, apesar de ser necessário puxar bastante os manobradores para se atingir o ponto de perda. Em voo a asa não têm qualquer tendência para cabecear e, apesar do alongamento, não tem tendência para abatidas laterais (só posso mencionar este aspecto do comportamento até térmicas de +4). Reparei que a distribuição de pressão na asa é muito uniforme quer ao longo da corda, quer ao longo da envergadura, contribuindo para a solidez da asa. O acelerador em nada fica atrás aos modelos anteriores, antes pelo contrário: é muito mas mesmo muito leve, e a banda A não é desmultiplicada. Significa que não é necessário uma escada para conseguir utilizar todo o curso de acelerador. Experimentei a passar por turbulência acelerada, e a meio acelerador a solidez é incrível. Quanto ao planeio: parece-me mesmo muito bom, mas não tinha termos de comparação… Os trimers têm um curso longo, e a posição intermédia é neutra. Significa que têm uma parte do curso positiva e outra negativa. Utilizei pouco, pelo que ainda não tenho uma opinião sobre estes. Quer de mãos-em-cima, quer acelerada, não existe comportamento “cobra”. Por fim, a asa não permite fazer orelhas: têm apenas 2 bandas A (tal com a Ozone). De facto este é um aspecto que não gostei, mas segundo o Bruce, é um compromisso necessário para reduzir linhas e aumentar a performance, e é uma situação que começa a surgir nas asas de competição, apesar de há uns bons 13 anos a Firebird ter desenvolvido a Cult de competição com apenas 2 linhas no A.

sexta-feira, novembro 20, 2009

223 km


por Carlos Barbas

Aquele dia de Junho de 2009 foi sem dúvida fantástico para o parapente em Portugal e em especial para mim porque estava presente.

As condições meteorológicas previstas faziam adivinhar grandes voos. Como é costume nestes dias fico bastante agitado e uma ansiedade tremenda invade o meu corpo parecendo adivinhar o dia que aí vem.
A pressão tornou-se ainda maior porque quando cheguei com o Ciby e o Miguel à descolagem, já o Vítor, o Alex e o Pedro Lacerda tinham partido em direcção a Covilhã.
O dia estava realmente fabuloso e mal descolámos já estavamos a 3400 metros de altitude, isto em menos de 15 minutos.
Eu e o Ciby cometemos aí o primeiro erro, saímos da serra para tentar atalhar caminho e assim podermos apanhar os craques da frente, mas não só não os apanhámos como também fomos direitinhos para o chão, chão esse que só o Ciby tocou porque por milagre eu apanhei uns bafos e lá me safei.

Agora, como na maioria dos meus voos de distância, lá estava eu outra vez sozinho. Quando voamos sós e dep
endemos apenas de nós mesmos para sobreviver, os níveis de concentração aumentam e os nossos sentidos tornam-se muito mais apurados e sensíveis. Tudo isto passa para a nossa pilotagem tornando-se mais activa, evitando assim possíveis erros.
Logo, se voamos com mais segurança, voamos mais e melhor.

Os primeiros 50 km foram os mais difíceis, andava-se menos e estive algumas vezes baixo, mas depois de entrar em Espanha ficou uma delícia, tecto alto e a térmica era do melhor.
O vento aumentou um pouco de intensidade a partir do meio do voo.

Nesta altura já não sabia onde estava nem o nome das localidades.
Andava perdido fisicamente, mas estava bem concentrado na melhor rota a seguir e além disso sabia que o Victor, o Alex e o Pedro andavam algures por aí. O Miguel, que é o homem das recolhas, já andava por perto, como sempre, o que me dava um certo alento para continuar.
O tempo passava sem dar por isso, é sempre assim quando faço cross, e este voo em nada foi diferente dos outros, apenas o número de km foi um pouco maior. Tive direito a tudo o que de bom estes voos nos dão, os Abutres, desta vez em menor quantidade, lá estavam eles a marcar as térmicas, e é impressionante a maneira insignificante com que olham para nós; os caças também estiveram presentes na zona de Penamacor, e estes merecem um pouco mais de atenção e respeito.
É incrível a quantidade de sentimentos e tantas vezes opostos, que um voo
de distância nos provoca, a tristeza e frustração quando tudo parece estar acabado mas de repente a nossa asa leva um abanão e aí a tristeza é substituída pela esperança, lá está ela, uma térmica potente daquelas em que temos a certeza que vamos para a nuvem. Aí a adrenalina toma conta de nós e como que por instinto apenas uma coisa importa, o núcleo.
Mas também é verdade que em determinados momentos do voo o medo e a insegurança me fazem questionar qual a necessidade de pôr a vida
em risco, e é nesta altura que devemos ter a coragem suficiente para não desistir, pois só assim é possível evoluir no voo livre, mas naturalmente que devemos conhecer as nossas limitações e é preciso saber parar quando as condições ultrapassam as nossas aptidões e conhecimentos.
Mas voltando ao voo, no final do dia
a restituição funcionou lindamente e com a velocidade a aumentar os km foram passando (pelo menos na minha cabeça porque na verdade eu não sabia quantos já tinham passado, sabia que eram muitos mas nunca imaginei ter ultrapassado os 200).
Foi uma sensação fantástica poder ver o pôr-do-sol a 3800 metros de altitude, foi lindo!
É também importante referir que o voo durou quase sete horas, nas quais não utilizei acelerador (porque não tenho), não bebi nem comi e no final fiquei com a sensação de querer continuar. Sem dúvida que a força psicológica supera em muito a força física.
Falta dizer que a asa que me tem dado tantas alegrias é uma Advance Epsilon 5. É verdade, é uma 1/2, e é esta asa que me dá segurança e tranquilidade suficiente para poder desfrutar o voo ao máximo. Aconselho a todos os que, como eu, ainda têm pouca experiência e querem evoluir gradualmente no voo livre. Devem começar nesta categoria de asas, e voar o maior número de horas, se possível em montanha. Depois sim, podem comprar uma avioneta, e mais tarde um avião.

Parabéns ao Victor, ao Alex e ao Pedro Lacerda que também fizeram uns voos que vão ficar na memória.

Obrigado ao Miguel pela força que nos transmite, e nos encoraja a ir cada vez mais longe.

Parabéns também à ADVANCE que desenvolve asas com uma qualidade acima da média e nos permitem uma evolução segura.

Foi um dia incrível, pena mais pilotos não terem aproveitado.


Carlos Barbas

domingo, outubro 25, 2009

AraxÁ open series 2009, Out 3-9

por Paulo Nunes










Como alguns de vcs já sabiam, foi uma seita de 6 tugas até Araxá ( cantinho paradisiaco em Minas Gerais ), um local de voo muito interessante, que nos deixou a todos maravilhados.
Fomos brindados com uma hospitalidade fantástica, o Durval Henke ( esteve cá na compt. de Macedo ) foi um anfitrião incansável.
Uma Fauna e Flora muito rica, paisagens lindas, boa comida e barata, muitas gaijas e simpáticas como o milho, em 8 dias voámos 6, mas com muitos a serem interrompidos pelo aparecimento de Cumulocunilingus...
Aqui fica um vídeo, ARAXÁ 2009, com alguns momentos de voo, boa disposição, passeio e convivío espero que gostem e fiquem com vontade de conhecer o local, eu espero lá voltar!
O local é muito verdinho nesta altura do ano, pois é hábito haver descambanços com fartura.
A altura mais seca em que se fazem mais KMSSSS é no nosso verão, mas segundo os locais, Setembro e principio de Outubro costuma dar para voar muito bem também.
A descolagem dá para cerca de 10 asas ao mesmo tempo descolarem, tem 2 restaurantes e sempre muita assistência, mas a área de "despegue" é reservada aos pilotos.
Existe muito onde aterrar, mas há o senão de podermos ter de caminhar muuuitos kms até á estrada de terra mais próxima, sabendo que as cascavéis, Onças e lobos não costumam atacar, não há stresses.
Como o formato de competição era de distância livre, havia apenas 1 ou 2 balizas para colocar o pessoal sobre as estradas principais ( de terra batida ) e depois era XC á vontade de cada um , isto limitou o n.º de mangas, pois fazendo umas idas e voltas na área de descolagem e montanha que dá um apoio fixe ( cerca de 30 kms de parede ) tinha dado para arrancar pelo menos mais 2 mangas.

Próxima FAI 2 que lá houver vou tentar ir !!!

O meu vídeo:
ARAXÁ 2009.


quinta-feira, outubro 22, 2009

Análise do acidente com piloto Gonçalo Velez por Bob


por Roberto Pereira (Bob)

Sem ler a análise postada pelo piloto Cláudio Virgílio, apenas como exercício a todos das teorias básicas do voo livre e a fim de criar um forum de discussão onde possamos trocar idéias e com isso melhorar nossos conhecimentos teóricos, segue abaixo minhas impressões sobre o acidente.
Dividi o acidentes em três fases, que apesar de muito rápidas, na minha opinião, são eventos bem identificados que podem ser claramente visualizados.

Primeira fase (do segundo 0 ao segundo 04)
O filme inicia no segundo "0" com a vela desinflando, as pontas indo para frente e o piloto caindo claramente para trás. Não é possível saber o que aconteceu anteriormente mas certamente estes sintomas são de um stall e depois um fly-back, a vela estolou e no caso do piloto continuar freando ela entra em voo para trás. Esta manobra é treinada em cursos de SIV para resolver um problema de gravata ou uma fechada grande em que a vela entra em giro violento e não reabre.

Segunda fase (do segundo 04 ao segundo 09)
Nesta fase provavelmente o piloto levantou a mão, que é a manobra normal ao se sair de um fly-back, porém quando a vela passar por sua cabeça no caminho de um grande avanço, os freios devem ser acionados violentamente e liberados longo em seguida, manobra conhecida como "créu" e assim evitar o avanço e/ou front. No caso acima provavelmente o piloto usou o freio por muito tempo e a vela entra em novamente em stall e novamente em fly-back.

Terceira fase (do segundo 9 em diante ... )
Após o segundo fly-back o piloto levanta a mão para que a vela volte a voar. É possível ver claramente no segundo 8 que o piloto levanta a mão quando ainda estava de costas para o chão. A saída do fly-back se dá quando nas várias cabeçadas que a vela dá (nesses instantes o piloto ou está olhando pro céu ou está olhando pro chão, alternadamente), SOMENTE quando o piloto está virado para o chão e no instante (segundo 8) ele está virado para cima. Por esse motivo a vela tem um avanço violento e certamente a manobra créu não foi suficiente ou veio atrazada. A vela avança rapidamente quase para baixo do piloto (!!!!!), dá um front e desmonta.

Conclusão:
O piloto entra em uma série de stalls e fly-backs. O tipo de incidente não é característico de rotor pois nesses casos a vela geralemente avança em um dos lados ou ambos. O que ocorreu é que inicialmente há um stall causado pelos fatores conhecidos por todos. Este stall incial é o causador da sucessão de eventos que culminam com o choque no chão. A causa mais normal de stall é freio excessivo e o fly-back é a continuação da atuação desse freio. A saída do fly-back se dá em um momento específico e de uma forma específica já citado acima, o que não foi realizado corretamente.

Tenho a satisfação de informar a todos que o piloto está bem e se recupera rapidamente.
A intenção deste texto não é de maneira alguma fazer uma crítica ao piloto, nem tem a intenção de se esgotar em si mesmo (outros pilotos podem e devem ter opiniões diferentes que são muito bem vindas). Este texto tem como objetivo divulgar um ponto de vista e com o debate melhorar o nível técnico de todos, principalmente deste que vos escreve.

Bons, looongos e seguros voos
Bob
Cearavoolivre

quarta-feira, setembro 30, 2009

Análise do Acidente por Cláudio Virgílio

Vou partilhar contigo o que me pareceu que se passou (pelos vídeos). Espero que te possa ajudar em voos futuros e que possamos tirar alguma lição do que aconteceu.
No filme do Paulo Nunes vens já em perda quando o filme começa. Embora ligeiramente desequilibrado, a asa sai a voar (2’’) assimetricamente. Este momento seria o ideal para tomares conta da situação mas o facto de teres as pernas ainda esticadas causou-te um momento de rotação difícil de evitar e parar.
Recuperei uma vez a minha Magus 4 numa situação muito parecida e lembro-me que foi bastante violento e extremamente físico, pois tive de dobrar as pernas bem debaixo do arnês, e afastar os joelhos ao máximo com as pernas bem comprimidas contra as laterais para evitar o twist para a esquerda, enquanto ao mesmo tempo tinha a asa a mergulhar 90º para a minha direita.
Estive muito perto do twist (tal como tu), mas penso que foi o que me ajudou a não perder o controlo da situação – dobrar as pernas imediatamente e alargá-las bem no arnês.
O controlo da asa neste tipo de mergulhos é bastante complicado de explicar teoricamente, mas a ideia é travar a asa progressiva e proporcionalmente ao cabeceio quando ela já está à nossa frente, mas só o suficiente para não a deixar abater de mais e fechar em frontal.
Por vezes no pico máximo da abatida as mãos estão muito próximas do ponto de stall. Conseguindo agarrar o tchan à nossa frente, há que levantar as mãos e deixar a asa sair a voar.

Dá-me a ideia que no momento em que dizes que ela se volta a desmontar inexplicavelmente (3’’) a terás posto em perda de novo inadvertidamente e talvez numa tentativa de recuperares o equilíbrio no arnês(?) (será este o “outro momento em que metade da asa quer voar mas nesse momento estou todo retorcido e com um braço para baixo, travando-a”?).
No entanto entras directo numa perda bem puxada (tão puxada que as pontas da asa batem palmas) e razoavelmente estável (3’’-5’’). O que não é mau de todo se conseguirmos sair bem dela (ou tivermos suficiente altitude para corrigir possíveis erros). Parece-me que começaste a largar manobrador no momento em que ela inicia o primeiro mergulho à frente (o mais violento, e o absolutamente proibido de largar para sair).
O que largaste foi suficiente para permitir a asa sair a voar com tal energia que entras em tumbling e acabas com uma parte da asa agarrada a ti.

Quanto à análise do equipamento, foi realmente um grande erro nosso ter encurtado as 7 linhas quando na verdade precisávamos era de ter esticado as outras “57”. Eu não o sabia na altura e só mais tarde vim a saber que o lirus tem grande tendência a encurtar com a humidade e não a esticar com o tempo e o stress a que as linhas são sujeitas durante os voos. Ainda falei contigo sobre isso, mas acabámos por não fazer mais nada em relação ao assunto…

Quanto à próxima asa, deixo-te um conselho:
Há um proto da Ozone que parece estar a andar muito, tem partes em carbono e um planeio filha da …. Brincadeirinha :)
Agora a sério, quando dizes “Depois disso mantive-me atento, à espera de uma configuração que conhecesse e que me permitisse recuperá-la. Isso não aconteceu e fez-me perder altitude” levas-me a pensar na diferença das várias classes de asas. E como bem sabes, uma asa de competição precisa de ser pilotada activamente a todo o momento. Dar um passo atrás na escolha da asa por vezes é o mais acertado, e o que mais nos faz evoluir. Explorar uma asa ao máximo antes de passar ao próximo nível ajuda bastante. E quando falo em explorar ao máximo, significa explorar tudo, desde a asa abertinha a levar-nos pra lá dos 100km, como a asa feita num trapo, em condições turbulentas e a precisar de sair a voar. No teu caso e com pouca altitude, o esperar por uma configuração conhecida não ajudou. Penso que será bom fazermos um SIV, para explorarmos ao máximo as asas que voamos e assim sabermos sempre o que fazer em todas as situações.

Boa recuperação e até breve, na nuvem! ;)
Um Grande abraço,

-- Cláudio Virgílio

PS:
O ideal seria aprendermos só com os erros dos outros...neste caso é uma merda porque és tu a arcar com tudo e a servir de "exemplo" para aprendermos todos mais algumas coisas... Esqueci-me de acrescentar uma coisa no texto, que é simplesmente a manutenção feita por mão especializada no assunto. Principalmente ao nivel das linhas quando se faz mais do que uma época a voar uma asa com fios finos...

sábado, setembro 26, 2009

Horrível Parapente?

por Gonçalo Velez

Com o meu acidente tão dramático descrito abaixo, e para quem não conhece o parapente, gostaria de deixar a impressão de que é um desporto muito aliciante, maravilhoso e viciante para quem gosta de desafios na Natureza.

Deixo aqui um link para o filme Speed Bars
de Phillipe Broers captado no campeonato do Mundo no México em Fev 2009.
Reparem que quando as asas começam a girar em círculo é onde se situa uma corrente de ar ascendente, a térmica, e deve-se manter dentro dela para se subir.
Com tantos competidores nesta prova é incrível o espectáculo da constelação de asas girando ordenadamente, todas no mesmo sentido.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Atirei-me ao Chão, hein?!

por Gonçalo Velez

O Facto
Em Jul 10 descolei em Vale de Amoreira e após ter subido uns 150m tive um assimétrico (50%) e parece que tive a má reacção de travar o lado contrário.
A asa entrou em perda e sucederam-se uma série de configurações bizarras.
Perante tal, a minha atitude foi manter-me atento, à espera de uma oportunidade de controlar a asa.
Há opiniões divergentes sobre a sucessão de incidentes e as minhas reacções a cada.
Os dois filmes, da autoria do Paulo e Beta Nunes e do João Pinto estão aqui.
Há um momento em que ela parece recuperar no todo mas em que torna a desmanchar-se inexplicavelmente.
Parece haver outro momento em que metade da asa quer voar mas nesse momento estou todo retorcido e com um braço para baixo, travando-a.
O Saiote que se vê voar acima de mim num dos filmes, diz que a asa perto do chão parece tornar a recuperar, mas que se abate à minha frente e entro nela e que devo ter caído de um 4º ou 5º andares. O que me salvou foi ter caído muito perto, a norte, da descolagem onde prontamente tive o auxílio dos companheiros que lá estavam.

Agradecimentos
Tenho a agradecer profundamente a todos os que me acudiram e me salvaram da morte que esteve muito próxima!
A Be
ta e Paulo Nunes, o Miguel Almeida, o João Pinto, o Diego e o Fernando (ambos da Cantábria), o Saiote que me acompanhou do ar e que foi o único a assistir ao meu embate brutal. Lamento muito tê-los sujeito a momentos tão dramáticos e com um desfecho tão horrível.

Sequência
A minha sorte foi terem-me socorrido num espaço de tempo muito curto: o Miguel foi o primeiro a chegar e encontrou-me quase de pernas para o ar mas descansou ao ouvir-me gemer, os bombeiros de Manteigas que subiram de jipe à descolagem e me transportaram de maca para a descolagem, e daqui para Vale Amoreira onde um carro do Inem entretanto chegara e imediatamente se ocuparam de mim.
Os meus agradecimentos ao Sub-Comandante Francisco Tacanho e a Vitor Monteiro, bombeiros de Manteigas, que entenderam a urgência do incidente e actuaram prontamente. No carro do Inem vinha um anjo, a galega Dra Oliana, a quem devo devo estar vivo e a quem muito agradeço!

As Consequências
Fui transportado de imediato para o hospital da Guarda onde fui logo operado pela equipa do Dr Fernando Pessoa. O meu estado era de choque pois quase que perdera todo o sangue.
A minha bacia estava fracturada de forma raramente vista numa pessoa viva: o sacro tinha-se separado da bacia além de que fracturara os ilíacos! O sacro é onde acaba a coluna vertebral e daí partem grandes feixes de nervos.
Esmaguei o colo do úmero esquerdo, mas isso é o menos. A minha pele em todo o corpo estava intacta, não havia um corte ou esfoladela na pele. Devo ter embatido na posição de sentado, a pender para a esquerda (ainda bem a minha Impress ser a 2+!).
Devido às implicações neurológicas, todo o lado esquerdo do meu corpo está diminuído.
Depois de uns dias no hospital Francisco Xavier para estabilizar o meu estado e drenar os pulmões, estou há dois meses no hospital Santana da Parede, especialista em ortopedia, onde fui operado pela equipa do Dr António Martins logo que dei entrada. O médico não me deixa por de pé antes dos 3 meses da operação (2ª metade de Outubro).
Estou cá há 2 meses e há mais de um mês que faço fisioterapia. Sinto-me revigorar, muitos músculos a voltar à actividade e o ânimo a fortalecer-se.
Antes tinha um corpo feito de gelatina, sempre imóvel e a regredir fisicamente. É incrível como os músculos imóveis perdem rapidamente as suas funções!
Agora sinto-me renascer e invisto muito no exercício físico. Conto ser transferido para o Centro de Reabilitação de Alcoitão na próxima semana onde espero acelerar a recuperação.

O Equipamento
Depois do acidente fiquei a saber que as linhas da Mercury encolhem com o tempo, ou com a falta de carga!
Faço alpinismo há quase 30 anos e tenho 100% de confiança no equipamento que uso. Nunca me passaria pela cabeça duvidar da fiabilidade de uma corda ou de um mosquetão ou outro artigo de uma marca conhecida.
Revendo o meu percurso com a Mercury dou-me conta de que sempre tive gravatas à esquerda e nunca as tive à direita!
A meio da época de 2008 achei estranho ter de compensar com o manobrador esquerdo para voar a direito (recebi a asa nova em Maio 2008). Atribuí sempre esse facto a aerologia e nunca lhe dei muita importância.
Em Maio passado o Cláudio ajudou-me a medir as linhas: comparar uma linha com o simétrico do outro lado. Havia muitas diferentes e sete com uma diferença de mais de 5 cm! Piorámos a situação pois as longas deveriam ter ficado como estavam, e as curtas é que deveriam ter alongado.
Outro facto a juntar é que nunca me preocupei com os trims e passei todo o tempo a voar com ela "destrimada", o que parece contribuír para o encolhimento das bandas C e D.
Francamente, nunca dei muita importância à questão do equipamento pela experiência que refiro do alpinismo, e vivia confiante.
(Nota: no dia do acidente a asa tinha 97h)

A Psicologia do Evento
Nunca olho para a asa em voo, excepto quando sinto algo de estranho.
Lembro-me de ter olhado para cima e de tê-la visto sem carga alar, pouco depois ela aparece-me à frente. Depois disso mantive-me atento, à espera de uma configuração que conhecesse e que me permitisse recuperá-la. Isso não aconteceu e fez-me perder altitude.
Embora achasse que recuperá-la provocando uma perda seria imprudente pela falta de altitude, isso já me estava a acontecer!
Em Itália, em Maio passado, depois de uma gravata e de outros incidentes intempestivos
que aconteceram numa zona perto de rochedos e com térmicas brutas, a asa, em certo momento, iniciou uma espiral, o que foi o indício para lançar o reserva.
Em Vale de Amoreira faltou-me o indício!
Fiquei entregue à inexperiência neste tipo de incidentes e ao optimismo e à confiança de que me safaria... e não detectei o momento de lançar o reserva!

Mais Agradecimentos
Peço desculpa a todos os que me contactaram para desejar as melhoras e a quem não respondi. Foram tantos amigos a fazê-lo e tantas as manifestações de amizade, que me deixaram impotente para reagir, sobretudo sofrendo de diminuição física. Estive incomunicável nas primeiras semanas e sem vontade de o fazer nas seguintes. Ainda hoje passados dois meses do acidente quase só teclo com uma mão, mas recuperei a energia mental!!
Muito obrigado por tanta amizade e tanto cuidado.
Tenho recebido regularmente visitas de bons amigos que muito ânimo me têm dado, e tem sido bom revê-los.
Tenho a salientar uma grata aparição que tive ontem: o Rodrigo Afonso, ex-monitor do Vertical e que vive entre Serra Nevada e San Martin de Bariloche na Argentina! Foi bom revê-lo após tantos anos.
Agradeço ao Dr Fernando Pessoa e à sua equipa do hospital da Guarda terem-me operado prontamente. É bom saber que no interior do País também se prestam serviços de elevada qualidade.

Comentários
Gostaria muito que os nossos pilotos de competição fizessem os seus comentários ao que exponho acima e que publicaria aqui. A troca de opiniões, mesmo que divergentes, só nos enriquecerá!
Espero que mais acidentes sejam divulgados e analisados: comecemos com o meu.
Obrigado.

Futuro
Próximos meses a recuperar, voltar a casa dentro de um a dois meses e voltar à VIDA e ao trabalho. Espero conseguir recuperar totalmente do ponto de vista físico e neurológico, dizem-me que na maioria das vezes é só uma questão de tempo.
Também já conjecturo que asa irei comprar para a próxima época.


Fotos: Beta Nunes