quinta-feira, outubro 22, 2009

Análise do acidente com piloto Gonçalo Velez por Bob


por Roberto Pereira (Bob)

Sem ler a análise postada pelo piloto Cláudio Virgílio, apenas como exercício a todos das teorias básicas do voo livre e a fim de criar um forum de discussão onde possamos trocar idéias e com isso melhorar nossos conhecimentos teóricos, segue abaixo minhas impressões sobre o acidente.
Dividi o acidentes em três fases, que apesar de muito rápidas, na minha opinião, são eventos bem identificados que podem ser claramente visualizados.

Primeira fase (do segundo 0 ao segundo 04)
O filme inicia no segundo "0" com a vela desinflando, as pontas indo para frente e o piloto caindo claramente para trás. Não é possível saber o que aconteceu anteriormente mas certamente estes sintomas são de um stall e depois um fly-back, a vela estolou e no caso do piloto continuar freando ela entra em voo para trás. Esta manobra é treinada em cursos de SIV para resolver um problema de gravata ou uma fechada grande em que a vela entra em giro violento e não reabre.

Segunda fase (do segundo 04 ao segundo 09)
Nesta fase provavelmente o piloto levantou a mão, que é a manobra normal ao se sair de um fly-back, porém quando a vela passar por sua cabeça no caminho de um grande avanço, os freios devem ser acionados violentamente e liberados longo em seguida, manobra conhecida como "créu" e assim evitar o avanço e/ou front. No caso acima provavelmente o piloto usou o freio por muito tempo e a vela entra em novamente em stall e novamente em fly-back.

Terceira fase (do segundo 9 em diante ... )
Após o segundo fly-back o piloto levanta a mão para que a vela volte a voar. É possível ver claramente no segundo 8 que o piloto levanta a mão quando ainda estava de costas para o chão. A saída do fly-back se dá quando nas várias cabeçadas que a vela dá (nesses instantes o piloto ou está olhando pro céu ou está olhando pro chão, alternadamente), SOMENTE quando o piloto está virado para o chão e no instante (segundo 8) ele está virado para cima. Por esse motivo a vela tem um avanço violento e certamente a manobra créu não foi suficiente ou veio atrazada. A vela avança rapidamente quase para baixo do piloto (!!!!!), dá um front e desmonta.

Conclusão:
O piloto entra em uma série de stalls e fly-backs. O tipo de incidente não é característico de rotor pois nesses casos a vela geralemente avança em um dos lados ou ambos. O que ocorreu é que inicialmente há um stall causado pelos fatores conhecidos por todos. Este stall incial é o causador da sucessão de eventos que culminam com o choque no chão. A causa mais normal de stall é freio excessivo e o fly-back é a continuação da atuação desse freio. A saída do fly-back se dá em um momento específico e de uma forma específica já citado acima, o que não foi realizado corretamente.

Tenho a satisfação de informar a todos que o piloto está bem e se recupera rapidamente.
A intenção deste texto não é de maneira alguma fazer uma crítica ao piloto, nem tem a intenção de se esgotar em si mesmo (outros pilotos podem e devem ter opiniões diferentes que são muito bem vindas). Este texto tem como objetivo divulgar um ponto de vista e com o debate melhorar o nível técnico de todos, principalmente deste que vos escreve.

Bons, looongos e seguros voos
Bob
Cearavoolivre

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