quinta-feira, junho 17, 2010
Azinha-Vidigueira, 248 km
por Nuno Virgílio
.. e já voltei. À 1:20h da manhã estava de volta no Vale de Amoreira com o Miguel. Se não fosse ele, eu não me tinha mandado!
Obrigado ao Clube Vertical por desenvolver o spot e especialmente ao grande Miguel pelo apoio personalizado!
Quando vi as previsões do Vítor fui confirmar o skew-t pra ver o porquê do "razoável a bom". o tefigrama parecia bastante bom, embora com algum vento de Norte, o que é sempre (sempre mesmo?) chato. em todo o caso, ia haver nuvens, boa térmica, tecto razoável.. e o vento é bom pra nos levar longe.
Por coincidência ia estar na Covilhã nesse dia por isso despachei as reuniões cedo e siga pra serra.
Poderia ter descolado mais cedo, pois já tinha rodado a norte, e tava muito tapado. quando descolei não se subia e andei a ladeirar na encosta do skiparque. o máximo que dava era os 1400, tudo á sombra, ventinho.. ora bolas.. cheguei atrasado -pensei.
Mesmo assim, mandei-me para a encosta de Verdelhos, á espera de uma aberta de sol que me fizesse subir um pouquito mais, ou que derivasse numa bolha para o fim do vale, onde bomba sempre. népia.. baixo, rasteirinho, só dava mesmo os 1400 com mta deriva.
"Que se lixe, pelo menos dá pa chegar ao aeródromo da Covilhã, não vou já pro chão" deu, e deu pra continuar.. a rapar sempre, enrolava as bolhecas junto ao chão, sempre a ver qual era o campo onde ia aterrar. mas a coisa lá ia funcionando e passei o Zêzere.
organizou-se qualquer coisa já nos campos onde eram os golos do Fundão nas mangas da Covilhã há uns anos.
(Nos golos bomba sempre!!) e finalmente a chegar á Gardunha apanho o canhão: +6 até á nuvem, a 2200. a partir daqui a cena mudou radicalmete, foi sempre a abrir! muita nuvem a permitir andar a direito, subir sem enrolar e ainda pra mais a carregar no pedal.
o Miguel vinha a seguir, a dar a dica ao rádio, o que dá bastante confiança qd se está sozinho por isso achei que ia explorar o dia ao máximo -" plos menos uns 100kmzinhos há-de dar :)" A mega nuvem na zona de Lardosa/Castelo Branco (70kilos) acabou por ser demasiado grande e acabou a chupa, cortando tb a actividade térmica pelo que tive um ponto mais baixo perto do Retaxo, aterrar não era um problema: pelo menos come-se bem na tasca! :D
Mas aqui saquei mais uma bem redondinha outra vez lá pra cima.
daí até Nisa (110kilos) foi um tirinho, transições a 60-70 com o acelerador metido, o Miguel quase não conseguia acompanhar com o VerticalMobil.
Esta rota já era minha conhecida de há uns anos - ajuda saber que a estrada segue sempre recta e há aldeias de 10 em 10 km.. a estrada de nuvens estava ali toda montada e não havia nada que saber, foi o voo clássico, de umas pras outras. o tecto subiu pra 2500, a térmica continuava boa, era só sondar a zona qd começava a zerar, centrar bem e transitar novamente pra próxima.
aproveitei pra sacar umas fotos, beber uma aguinha e tal. O Miguel começava a dizer que "cheira a record" mas pensei que ia ser difícil. Imaginar 120km pra frente desmotiva um bocado mas.. ainda era cedo.. lá no fundo comecei a focar nisso.
depois de Estremoz (170kilos), acabaram as nuvens. só uns farrapos que desfaziam rápido, na frente, indicavam que o dia ainda não tinha morrido e onde estavam as ascendentes. passei pertinho de Évora e aqui perdi o apoio do Miguel pois o meu PTT não funcionava, conseguia ouvir mas emitir.. tá quieto. zero, nicles.
Estávamos a comunicar na base do "se já passaste este sítio assim-assim, patilha 3vezes.. :) hi-tec, portanto.
ele aqui desviou mais para a zona onde o PMoreira tinha aterrado no ano anterior, e eu a patilhar só 2x pra ver ser ele perguntava alguma cena que pudesse indicar que ia noutra direcção.
"ok, siga. logo se vê." depois desta zona o terreno já não me era familiar por isso não tinha bem a noção da minha posição, tinha o Alqueva bastante á esquerda e muitas outras barragens mais pequenas por todo o lado, o dia começava a acalmar mas mesmo assim forcei as transições com o acelerador.
subi na última térmica exactamente na marca do meu voo do ano anterior (216kilos) e como o dia já ia avançado, achei que ia ser a última, foi aproveitar o +3 constante até lá bem acima e vamos a isto, só preciso de mais 15 pra passar o do Pedro. na última transição foi só escolher a melhor rota, passar mais aquele monte, avaliar a vila na frente (vinhas por todo o lado) e escolher o campinho, não se descia com aquele efeito da bolha de calor no chão e com paciência ainda teria dado mais um bafinho, mas continuei. já chega! :D
Qd aterrei parecia que tinha ido com o live tracking! já toda a gente sabia! xiça, um gajo não pode ir voar tranquilamente e ter alguma privacidade, vêm logo melgar a saber qts kilos e qt tecto e mais não sei o quê.. :)
na aterragem apanhei uma boleia altamente, o sr António ofereceu a bela da cervejola fresquinha e já me estava a oferecer pra jantar uma sardinhada, tomar um banho, dormir lá, casar com a filha, herdar as propriedades e a pensão, e tudo e tudo e tudo. o Miguel chegou pouco depois e foi a festa. o regresso ia ser longo.
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