segunda-feira, junho 05, 2006
Montanchez Report
por Paulo Reis
No Domingo, quatro parapentistas esperançados na possibilidade de um voo jeitoso, combinámos uma saída prevista de Lisboa às 8.00h. Fizemos 300 kms de carro em direcção a Montanchez, um local que nenhum de nós conhecia para participar na prova da Liga Extremeña y Campeonato de Extremadura.
O Gonçalo Velez tinha ido para La Parra no dia anterior e disse-nos que a prova desta Liga ia partir deste desconhecido local (um pouco mais distante) no Domingo. O Gonçalo já tinha feito um voo de mais de 30kms no Sábado a partir de La Parra (a 3ª melhor distância do dia), tendo dois Espanhóis feito cerca de 90 kms.
Partimos de Lisboa depois de atrasos diversos e atribulações! O Lacerda perdeu a chave da moto e estava a stressar pois estava com a chamada termiquite (fome de térmica) e não tinha meio de transporte! Lá resolvemos a cena, atravessámos o rio, encontramo-nos como o Eduardo Lagoa e seguimos viagem no "carro maricas" que abre as portas quando o dono chega perto. É do tipo animal doméstico que reconhece o dono!
Chegámos a Montanchez, inscrevemos-nos na Liga, preenchemos uma catrefada de papeis de inscrição (ou seja nome, e-mail e telefone num "Post-it" amarelo), decarregámos as balizas num banco debaixo de uma arcada, fomos bem acolhidos como sempre pelos nossos amigos espanhóis e seguimos nas carrinhas deles para a descolagem!
Defeniu-se uma manga em direcção a Cáceres e golo a 60 kms numa povoação que não me recordo do nome! Descola primeiro o Super Driu e anda a sofrer bastante tempo com dificuldade em enrolar "rôlos" de jeito! Emseguida descolam mais dois fusíveis e as coisas começam a compôr-se.Descolei junto do Eduardo Lagoa e subimos até aos 2100m e "amandá-mo-nos" para trás do monte! Os primeiros 5 kms foram difíceis e os "rolos" eram muito turbulentos, estranhos e não se conseguia centrar nada de jeito. Descolei stressado com a asa, pois este era o meu segundo voo em térmica com uma asa que não conheçia e tinha levado umas valentes estaladas (assimétricos e frontais na tromba porreiros para me borrar todo) naAzinha no fim de semana passado e estava apreensivo! Aumentei e redistribuí o lastro que tenho de alombar comigo e ajustei a selete depois do voo da Azinha e agora parece uma asa diferente! É fantástico como pequenos ajustes podem fazer toda a diferença do mundo! E como uma asa passa de besta a bestial em poucos dias! Ehehehe!!! Estava nitidamente com um problema de pouco peso!
Aos 10 kms estive baixo mas vi um Dust e fui caçá-lo a segurar o Tchan! Andava ainda a tentar perceber a asa e a senti-la! Subi e encontrei-me com o Eduardo e seguimos rumo a Cáceres. Antes de Cáceres, depois de enrolar no sotavento de um monte, tomámos opções diferentes. Ele seguiu pela direita de Cáceres e eu pela esquerda, pois via-o a cair que nem uma pedra. Apanhei uma confluência e ia a boiar por ali fora aos 2000m. Entretanto tínhamos de mudar de rota e seguir a estrada em direcção Porto de Espada (mais ou menos) pois tudo à volta era desértico e voltamos a encontrar-nos mais à frente. Basicamente fizemos o voo ao contrário do voo tradicional de Porto da Espada! Nesta altura, já levávamos cerca de 2.30h de voo e tínhamos coberto poucos Kms, pois não havia vento em altitude, demorávamos muito a subir nas térmicas inconstantes, maradas e secas, céu azul sem núvem, era trabalhoso ir andando em frente e muitas vezes tínhamos de esperar um pelo outro com muita paciência (algo que não abunda muito aqui para os meus lados)! Só pensava que se tivéssemos a ajudinha de um ventito de cauda (bastava apenas 15kms) hora podíamos facilmente fazer muitos (muitos) mais kms!
Depois de Cacéres foi fixe! Senti-me uma ave de rapina a caçar térmicas e parecia que estava a viver um sonho acordado! Apanhava as térmicas e as águias vinham ao meu encontro em todas as térmicas que encontrava e eu dava-lhes ratada (estou a exagerar)! Ahahahah!!! Esta parte do voo passou muito rapidamente e após 3.30h achei que chegava e decidi aterrar, mas surpresa das surpresa apanhámos uma termiconazonazinha com bué núcleos, poeira a subir, águias a dosi trapos com fios a subir.Finalmente conseguimos chegar ao tecto do dia pela primeira vez ao longo de todo o voo a cerca de 2700m. Separámo-nos um pouco de novo e fui feliz uma vez mais na linha que escolhi e vi o Eduardo a cair que nem uma pedra de novo. Com 4.00h de voo e aos 2.000m decidi que chegava e ia aterrar onde quer que o Eduardo aterrasse pois achei que ele estava demasiado baixo. Claro que andei uns kms em frente e depois regressei para tráspara aterrar pois ainda tinha muita altura! O Eduardo continuava a lutar e a subir e nesta altura passei ao lado dele a espiralar para baixo para aterrar na única povoação num raio de 20 kms. O Eduardo fez mais uma térmica e aterrou junto à estrada perto de Valença de Alcantara! O meu Compeo (para não fugir à regra)ficou todo marado e não tenho o Track Log para poder compartilhar convosco, mas o Eduardo Lagoa fez 96 Kms e eu devo ter feito 92! Foi um voo muito trabalhoso e de adaptação à Magic 4 que parece um camião a pilotar (tendência das novas asas alongadas actuais), mas voa muito!
O resto do pessoal também voou bem. O Lacerda e o Gonçalo Velez ficaram em Cáceres (entre 40 e 50kms???) o Super Driu deve ter feito 60 kms??? O António Aguiar andou a curtir aos 2700m bastante tempo e sacrificou-se a aterrar para fazer as recolhas ao "people".
Ainda jantámos todos na Tasca do "Xico José" em Porto da Espada e chegámos a Lisboa às 1.30h da manhã! Conseguimos a brilhante proeza de sermos parados por 3 brigadas de trânsito, apanhar duas multas, uma em Espanha por parar à beira da estrada e consultar o GPS nas recolhas e outra em Portugal por não parar num sinal de STOP em Castelo de Vide que estava escondido por uma árvore à meia-noite!
Aparte dos incidentes que fazem parte da aventura, foi um belo dia de voo para todos e os espanhóis foram muito porreiros e ainda ajudaram a coordenar as recolhas!
05.06.06
fotos: Andrés Sánchez
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