
por Paulo Reis
No Domingo, quatro parapentistas esperançados na possibilidade de um voo jeitoso, combinámos uma saída prevista de Lisboa às 8.00h. Fizemos 300 kms de carro em direcção a Montanchez, um local que nenhum de nós conhecia para participar na prova da Liga Extremeña y Campeonato de Extremadura.
O Gonçalo Velez tinha ido para La Parra no dia anterior e disse-nos que a prova desta Liga ia partir deste desconhecido local (um pouco mais distante) no Domingo. O Gonçalo já tinha feito um voo de mais de 30kms no Sábado a partir de La Parra (a 3ª melhor distância do dia), tendo dois Espanhóis feito cerca de 90 kms.
Partimos de Lisboa depois de atrasos diversos e atribulações! O Lacerda perdeu a chave da moto e estava a
stressar pois estava com a chamada termiquite (fome de térmica) e não tinha meio de transporte! Lá resolvemos a cena, atravessámos o rio, encontramo-nos como o Eduardo Lagoa e seguimos viagem no "carro maricas" que abre as portas quando o dono chega perto. É do tipo animal doméstico que reconhece o dono!Chegámos a Montanchez, inscrevemos-nos na Liga, preenchemos uma catrefada de papeis de inscrição (ou seja nome, e-mail e telefone num "Post-it" amarelo), decarregámos as balizas num banco debaixo de uma arcada, fomos bem acolhidos como sempre pelos nossos amigos espanhóis e seguimos nas carrinhas deles para a descolagem!
Defeniu-se uma manga em direcção a Cáceres e golo a 60 kms numa povoação que não me recordo do nome! Descola primeiro o Super Driu e anda a sofrer bastante tempo com dificuldade em enrolar "rôlos" de jeito! Emseguida descolam mais dois fusíveis e as coisas começam a compôr-se.Descolei junto do Eduardo Lagoa e subimos até aos 2100m e "amandá-mo-nos" para trás do monte! Os primeiros 5 kms foram difíceis e os "rolos" eram muito turbulentos, estranhos e não se conseguia centrar nada de jeito. Descolei stressado com a asa, pois este era o meu segundo voo em térmica com uma asa que não conheçia e tinha levado umas valentes estaladas (assimétricos e fronta
is na tromba porreiros para me borrar todo) naAzinha no fim de semana passado e estava apreensivo! Aumentei e redistribuí o lastro que tenho de alombar comigo e ajustei a selete depois do voo da Azinha e agora parece uma asa diferente! É fantástico como pequenos ajustes podem fazer toda a diferença do mundo! E como uma asa passa de besta a bestial em poucos dias! Ehehehe!!! Estava nitidamente com um problema de pouco peso!Aos 10 kms estive baixo mas vi um Dust e fui caçá-lo a segurar o Tchan! Andava ainda a tentar perceber a asa e a senti-la! Subi e encontrei-me com o Eduardo e seguimos rumo a Cáceres. Antes de Cáceres, depois de enrolar no sotavento de um monte, tomámos opções diferentes. Ele seguiu pela direita de Cáceres e eu pela esquerda, pois via-o a cair que nem uma pedra. Apanhei uma confluência e ia a boiar por ali for
a aos 2000m. Entretanto tínhamos de mudar de rota e seguir a estrada em direcção Porto de Espada (mais ou menos) pois tudo à volta era desértico e voltamos a encontrar-nos mais à frente. Basicamente fizemos o voo ao contrário do voo tradicional de Porto da Espada! Nesta altura, já levávamos cerca de 2.30h de voo e tínhamos coberto poucos Kms, pois não havia vento em altitude, demorávamos muito a subir nas térmicas inconstantes, maradas e secas, céu azul sem núvem, era trabalhoso ir andando em frente e muitas vezes tínhamos de esperar um pelo outro com muita paciência (algo que não abunda muito aqui para os meus lados)! Só pensava que se tivéssemos a ajudinha de um ventito de cauda (bastava apenas 15kms) hora podíamos facilmente fazer muitos (muitos) mais kms!Depois de Cacéres foi fixe! Senti-me uma ave de rapina a caçar térmicas e parecia que estava a viver um sonho acordado! Apanhava as térmicas e as águias vinham ao meu encontro em todas as térmicas que encontrava e eu dava-lhes ratada (estou a exagerar)! Ahahahah!!! Esta parte do voo passou muito rapidamente e após 3.30h achei que chegava e decidi aterrar, mas surpresa
das surpresa apanhámos uma termiconazonazinha com bué núcleos, poeira a subir, águias a dosi trapos com fios a subir.Finalmente conseguimos chegar ao tecto do dia pela primeira vez ao longo de todo o voo a cerca de 2700m. Separámo-nos um pouco de novo e fui feliz uma vez mais na linha que escolhi e vi o Eduardo a cair que nem uma pedra de novo. Com 4.00h de voo e aos 2.000m decidi que chegava e ia aterrar onde quer que o Eduardo aterrasse pois achei que ele estava demasiado baixo. Claro que andei uns kms em frente e depois regressei para tráspara aterrar pois ainda tinha muita altura! O Eduardo continuava a lutar e a subir e nesta altura passei ao lado dele a espiralar para baixo para aterrar na única povoação num raio de 20 kms. O Eduardo fez mais uma térmica e aterrou junto à estrada perto de Valença de Alcantara! O meu Compeo (para não fugir à regra)ficou todo marado e não tenho o Track Log para poder compartilhar convosco, mas o Eduardo Lagoa fez 96 Kms e eu devo ter feito 92! Foi um voo muito trabalhoso e de adaptação à Magic 4 que parece um camião a pilotar (tendência das novas asas alongadas actuais), mas voa muito!O resto do pessoal também voou bem. O Lacerda e o Gonçalo Velez ficaram em Cáceres (entre 40
e 50kms???) o Super Driu deve ter feito 60 kms??? O António Aguiar andou a curtir aos 2700m bastante tempo e sacrificou-se a aterrar para fazer as recolhas ao "people".Ainda jantámos todos na Tasca do "Xico José" em Porto da Espada e chegámos a Lisboa às 1.30h da manhã! Conseguimos a brilhante proeza de sermos parados por 3 brigadas de trânsito, apanhar duas multas, uma em Espanha por parar à beira da estrada e consultar o GPS nas recolhas e outra em Portugal por não parar num sinal de STOP em Castelo de Vide que estava escondido por uma árvore à meia-noite!
Aparte dos incidentes que fazem parte da aventura, foi um belo dia de voo para todos e os espanhóis foram muito porreiros e ainda ajudaram a coordenar as recolhas!
05.06.06
fotos: Andrés Sánchez
Mais fotos e classificações



Sem comentários:
Enviar um comentário