por Gonçalo Velez
O voo que melhor recordo este ano foram os 96 km que fiz da Azinha até à estação de serviço de VV Ródão em Ago 6.
Um voo de distância é sempre muito aliciante pois vive-se constantemente na incerteza!
Um voo de distância é composto por momentos antagónicos de climax por estarmos altos e a avançar, e por momentos de angústia em que voamos a descer e não encontramos nenhuma térmica.
Depois, deparamos com a contra-angústia: uma térmica!
E voltamos à euforia, ao optimismo, ao sentimento de que o voo foi recuperado, de que tudo volta a ser possível (ou deparamos com nada e resignamo-nos ao insucesso).
Passei o aeródromo da Covilhã a baixar imenso, vi outras asas ao longe (E Lagoa, Nuno V, Paulo Nunes), mas adiante formou-se uma constelação enorme de cegonhas dentro de uma térmica. Que bonito, mas antes de lá chegar entrei noutra e consegui subir o suficiente para planar daí até à barragem da Lardosa, passando a serra da Gardunha bem alto.
Na barragem fartei-me de sondar o espaço sem grande sucesso. Só quando passei a sotavento desta (lembrei-me do que o Diogo me dissera: sotavento de lagos solta térmica) tornei a encontrar outra térmica que me fez subir muito.
Daqui até VV Ródão foi enrolar aqui e ali para repor alguma altitude, mas continuei sempre confortável.
O que melhor recordo deste voo foi sobrevoar as Portas do Ródão a 3200m com uma magnífica paisagem a meus pés!
Não voei mais adiante pois não queria complicar a recolha e por isso mantive-me sempre sobre a A-23. Depois da estação de serviço, ainda alto, só vi floresta dos dois lados da autoestrada, por isso decidi aterrar ali.
Outro factor que não consigo contornar é o aperto na bexiga. Estive com o fato aberto, disposto a deixar-me salpicar um pouco mas não consegui urinar. É frustrante, penso que seja devido à posição estranha do corpo e talvez a algum stress...
Bom Ano Novo!
quinta-feira, dezembro 28, 2006
terça-feira, dezembro 12, 2006
Descolar com Vento Forte
por Paulo Reis
Tenho andado a pensar sobre as descolagens com vento forte e gostava de saber outras opiniões sobre o assunto...
Pessoalmente, as descolagens são algo que sinto que tenho de melhorar pois embora voe há muitos anos (ainda largo os manobradores na altura da descolagem)!
Sei descolar (mais ou menos bem) de todas as formas possíveis e imagináveis e quando dava instrução ensinava sempre os alunos a não largarem nunca os freios. Istó é o típico faz o que te digo, não faças o que eu faço. Eehehehe!
Uma coisa tenho por certa, ao longo de todos estes anos de voo nunca tive problemas com as descolagens e muito raramente falho uma descolagem por dificuldade com a técnica que uso. Decidi que vou continuar a utilizá-la enquanto me sentir confortável e à vontade! Uma coisa é utilizar a técnica que todos advogam como a correcta e outra é utilizar aquela que me deixa mais à vontade e que tenho mecanizada à muitos anos e resulta para mim! Qual a melhor técnica? Cabe a a cada um encontrá-la? A técnica que uso regularmente e não considero de forma nenhuma a mais adequada, mas é aquela que me deixa mais relaxado na altura de descolar e não penso sequer no gesto técnico que já está mecanizado.
Tudo isto para vos falar numa outra técnica que uso há alguns anos, desde a altura em que fazia voos de bi-lugar com fartura. Inflar a asa perpendicularmente ao vento resulta (para mim) na perfeição com ventos fortes. Tenho constatado isto por diversas vezes e recentemente tive oportunidade de testar com sucesso, numas descolagens com as maiores ventosgas que conheci até à data! Junto envio um link onde se explica mais pormenorizadamente a técnica se alguém tiver a curiosidade de experimentar????
http://www.paraglid ing-lessons.com/article/Cobra-Launch.htm
Fotos: Maria Ana Bastos, Paulo Reis.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Alerta à Navegação!!
por Pedro Lacerda
Isto deve ser da lua ou das marés ou da chuva.... não sei.
Sei que tem havido ultimamente demasiados acidentes e incidentes com pessoal nosso. Acidentes refiro-me ao do António, para quem não sabe partiu um pulso, incidentes refiro-me a quase acidentes que por acaso e por sorte e por ... tudo acabou em bem. Com ou sem a consciência do piloto envolvido. Hoje na praia grande houve um arborizanço daqueles à filme com o piloto pendurado num eucalipto a 5 metros do chão e a asa na copa. Ya eucaliptos na praia grande são muito longe eu sei.
Também tive um filme hardcore hoje: A praia Grande estava em Grande com uns conjestus a passar e a dar termiquinha altamente, subi 300m por cima da deco numa vez e quando estava todo contente a enrolar para subir ainda mais numa segunda vez dou de cara com um helicóptero à minha altura e a vir na minha direcção (não estou a aumentar nada, vinha mesmo à minha altura e direito a mim) fiquei naquela: ele vê-me! Mas não viu, ou viu e era desprovido de inteligência, espiralei dali para fora e reparo que se desviou o mínimo passou bem perto e felizmente a sotavento de mim, a turbulência que senti foi calma. Por causa dos ganhos de hoje andei sempre à coca de possíveis encontros do 3º grau, passou o aviocar e várias avionetas e um ultra-leve e com todos percebi haver percepção uns dos outros e distâncias muito aceitáveis. Mas aquele não.
Mas ao que me fez escrever este mail. A estatistica : Amigos que andam como eu neste processo de aprendizagem do parapente e do voo livre. Este desporto passa por algum trabalho de casa. De ler sobre meteorologia, aérologia, aerodinâmica da asa, dos comportamentos da asa e mais todos os artigos e filmes que conseguirem arranjar sobre o assunto. Depois penso que a progressão como piloto passa por etapas. Essas etapas podem ser mais obscuras ao principio por não saber bem por onde se pegar.
MAS... começa-se sempre pelas coisas básicas, que são mais simples mas por isso não se podem passar por cima. Dou um exemplo: depois do curso os pilotos saídos da escola têm de saber inflar mas eu garanto-lhe que sabem mal. Sabem o mínimo, sabem “aproximadamente” inflar nas condições que estavam quando tiraram o curso.
Se não sabem inflar em condições fortes ou fracas devem treinar e isso pode implicar não voar.
O voo na praia em dias clássicos é democrático, sobem todos! O que anda a aproveitar o termodinâmico xpto e o que faz piscinas é igual. Depende da asa e da carga alar. Mas os problemas começam quando não estão as condições clássicas, é ai que o trabalho de casa entra em cena. Outro exemlo: quando estão 20km/h de NW na praia grande fazem-se as piscinas mais conhecidas, vai-se ao marco geodésico e vem-se à deco e volta, se estão 30 e não tenho tenho grande experiência ...se calhar o melhor é ficar a ver, mas de certeza que não se vai pa cima do marco, o vento acelera com a altitude, e ainda mais acelera por cima da falésia. Outra: se toda a gente está mais baixa que eu num dia forte é o quê? Sou um granda piloto, os outros são todos otários ou o otário sou eu? Se reparar bem até estou a ficar parado ou a andar para trás. E subi aquilo tudo porque só sei fazer as piscinas que me ensinaram por cima da falésia esteja forte ou fraco.
Qual é a direcção exacta do vento quando estou a voar? (não estou a falar da que me disseram na descolagem) Qual é a velocidade? Aumentou, fraquejou? Onde estão os outros? Será que tenho de passar a rasar os gajos? Aterrar na praia não é desprestigio, desprestigio é enfiar de cabeça num top-landing meter a asa em perda ou negativo. Voar mais à frente da falésia não é para piços, é para quem tem arte e ainda por cima é mais seguro.
Há sempre o problema da imitação? Se o “gajo” faz, porque é que eu não faço? A resposta é simples porque estás a queimar etapas, para fazer um SAT deve-se dominar o full stall, o spin, e a espiral instalada (nose down). Para andar a fazer wingovers na praia tenho de perceber o comportamento da asa, saber voar em condições mais fortes e condições mais fracas saber inflar perfeitamente, Albinos incluídos, desculpem Alpinos. Top-landings simples e complicados.
Outra: NÃO SE FAZEM VOLTAS CONTRA A FALÉSIA!
Sei que parece básico mas já vi fazer bué!!! É das tais coisas, dá para fazer com toda a segurança mas para chegar ai já se passaram muitas outras etapas. Fazer uma volta rápida uma lenta uma rápida a perder o mínimo (plana) só com o corpo, com o freio de fora..... ui é uma imensidade de cenas a aprender antes de querer andar a imitar o Rui Simpson a voar, é teino. E se virem o gajo a voar vejam com atenção. Não é ver o ângulo que ele consegue num wingover (xiii ganda maluks), é como é que ele faz: quando é que mete o comando, quando é que mete o corpo, quanto comando das duas mãos se usa quando a asa está toda baldada debaixo dele? E mais, não é medido a cm é medido a sensações. Meter um negativo a voar não é a morte do artista, a morte do artista vem quando não se percebe que o negativo entrou. Isso ainda por cima dá para aprender isso a inflar, ou a voar na duna a 1m do chão se estiverem disponíveis a comer um bocadinho de areia. Porque tralhos desses pedagógicos não são tralhos são bençãos, aprende-se, testa-se e aprende-se. O pior é quando há um incidente e não aprendo com isso. Se ponho a asa em perda a aterrar e acho normal, acho normal eu, que vai vir o dia em que a perda entra a 5m do chão e ai já é acidente.
Estou a escrever estas baboseiras todas porque assisti a cenas ultimamente bastante parvas. Não quer dizer que não possam acontecer a mim que tou aqui armado em cromo!
Mas fica a ideia: TREINO. Esta merda precisa de TREINO e saltar etapas é a melhor forma de depender da sorte. Não tem nada a ver com ter coragem ou deixar de ter. Acho que não ter medo é uma grande qualidade num piloto! Agora não ter consciência do que está a fazer ou do que lhe aconteceu é falta de trabalho de casa e uma falta grave.
Se conseguiram ler isto até ao fim aproveito para mandar beijinhos.
Beijinhos
Lazerda
Isto deve ser da lua ou das marés ou da chuva.... não sei.
Sei que tem havido ultimamente demasiados acidentes e incidentes com pessoal nosso. Acidentes refiro-me ao do António, para quem não sabe partiu um pulso, incidentes refiro-me a quase acidentes que por acaso e por sorte e por ... tudo acabou em bem. Com ou sem a consciência do piloto envolvido. Hoje na praia grande houve um arborizanço daqueles à filme com o piloto pendurado num eucalipto a 5 metros do chão e a asa na copa. Ya eucaliptos na praia grande são muito longe eu sei.
Também tive um filme hardcore hoje: A praia Grande estava em Grande com uns conjestus a passar e a dar termiquinha altamente, subi 300m por cima da deco numa vez e quando estava todo contente a enrolar para subir ainda mais numa segunda vez dou de cara com um helicóptero à minha altura e a vir na minha direcção (não estou a aumentar nada, vinha mesmo à minha altura e direito a mim) fiquei naquela: ele vê-me! Mas não viu, ou viu e era desprovido de inteligência, espiralei dali para fora e reparo que se desviou o mínimo passou bem perto e felizmente a sotavento de mim, a turbulência que senti foi calma. Por causa dos ganhos de hoje andei sempre à coca de possíveis encontros do 3º grau, passou o aviocar e várias avionetas e um ultra-leve e com todos percebi haver percepção uns dos outros e distâncias muito aceitáveis. Mas aquele não.
Mas ao que me fez escrever este mail. A estatistica : Amigos que andam como eu neste processo de aprendizagem do parapente e do voo livre. Este desporto passa por algum trabalho de casa. De ler sobre meteorologia, aérologia, aerodinâmica da asa, dos comportamentos da asa e mais todos os artigos e filmes que conseguirem arranjar sobre o assunto. Depois penso que a progressão como piloto passa por etapas. Essas etapas podem ser mais obscuras ao principio por não saber bem por onde se pegar.
MAS... começa-se sempre pelas coisas básicas, que são mais simples mas por isso não se podem passar por cima. Dou um exemplo: depois do curso os pilotos saídos da escola têm de saber inflar mas eu garanto-lhe que sabem mal. Sabem o mínimo, sabem “aproximadamente” inflar nas condições que estavam quando tiraram o curso.
Se não sabem inflar em condições fortes ou fracas devem treinar e isso pode implicar não voar.
O voo na praia em dias clássicos é democrático, sobem todos! O que anda a aproveitar o termodinâmico xpto e o que faz piscinas é igual. Depende da asa e da carga alar. Mas os problemas começam quando não estão as condições clássicas, é ai que o trabalho de casa entra em cena. Outro exemlo: quando estão 20km/h de NW na praia grande fazem-se as piscinas mais conhecidas, vai-se ao marco geodésico e vem-se à deco e volta, se estão 30 e não tenho tenho grande experiência ...se calhar o melhor é ficar a ver, mas de certeza que não se vai pa cima do marco, o vento acelera com a altitude, e ainda mais acelera por cima da falésia. Outra: se toda a gente está mais baixa que eu num dia forte é o quê? Sou um granda piloto, os outros são todos otários ou o otário sou eu? Se reparar bem até estou a ficar parado ou a andar para trás. E subi aquilo tudo porque só sei fazer as piscinas que me ensinaram por cima da falésia esteja forte ou fraco.
Qual é a direcção exacta do vento quando estou a voar? (não estou a falar da que me disseram na descolagem) Qual é a velocidade? Aumentou, fraquejou? Onde estão os outros? Será que tenho de passar a rasar os gajos? Aterrar na praia não é desprestigio, desprestigio é enfiar de cabeça num top-landing meter a asa em perda ou negativo. Voar mais à frente da falésia não é para piços, é para quem tem arte e ainda por cima é mais seguro.
Há sempre o problema da imitação? Se o “gajo” faz, porque é que eu não faço? A resposta é simples porque estás a queimar etapas, para fazer um SAT deve-se dominar o full stall, o spin, e a espiral instalada (nose down). Para andar a fazer wingovers na praia tenho de perceber o comportamento da asa, saber voar em condições mais fortes e condições mais fracas saber inflar perfeitamente, Albinos incluídos, desculpem Alpinos. Top-landings simples e complicados.
Outra: NÃO SE FAZEM VOLTAS CONTRA A FALÉSIA!
Sei que parece básico mas já vi fazer bué!!! É das tais coisas, dá para fazer com toda a segurança mas para chegar ai já se passaram muitas outras etapas. Fazer uma volta rápida uma lenta uma rápida a perder o mínimo (plana) só com o corpo, com o freio de fora..... ui é uma imensidade de cenas a aprender antes de querer andar a imitar o Rui Simpson a voar, é teino. E se virem o gajo a voar vejam com atenção. Não é ver o ângulo que ele consegue num wingover (xiii ganda maluks), é como é que ele faz: quando é que mete o comando, quando é que mete o corpo, quanto comando das duas mãos se usa quando a asa está toda baldada debaixo dele? E mais, não é medido a cm é medido a sensações. Meter um negativo a voar não é a morte do artista, a morte do artista vem quando não se percebe que o negativo entrou. Isso ainda por cima dá para aprender isso a inflar, ou a voar na duna a 1m do chão se estiverem disponíveis a comer um bocadinho de areia. Porque tralhos desses pedagógicos não são tralhos são bençãos, aprende-se, testa-se e aprende-se. O pior é quando há um incidente e não aprendo com isso. Se ponho a asa em perda a aterrar e acho normal, acho normal eu, que vai vir o dia em que a perda entra a 5m do chão e ai já é acidente.
Estou a escrever estas baboseiras todas porque assisti a cenas ultimamente bastante parvas. Não quer dizer que não possam acontecer a mim que tou aqui armado em cromo!
Mas fica a ideia: TREINO. Esta merda precisa de TREINO e saltar etapas é a melhor forma de depender da sorte. Não tem nada a ver com ter coragem ou deixar de ter. Acho que não ter medo é uma grande qualidade num piloto! Agora não ter consciência do que está a fazer ou do que lhe aconteceu é falta de trabalho de casa e uma falta grave.
Se conseguiram ler isto até ao fim aproveito para mandar beijinhos.
Beijinhos
Lazerda
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